terça-feira, 27 de setembro de 2011

O PROFISSIONALISMO COMO RELIGIÃO

Por CLAUDIO MOURA DE CASTRO

Logo que mudei para a França, tive de levar meu carro para consertar. Ao buscá-lo, perguntei se havia ficado bom. O mecânico não entendeu. Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta, nada mais a esclarecer sobre o conserto. Mais à frente, decidi atapetar um quartinho. O tapeceiro propôs uma solução que me pareceu complicada. Perguntei se não poderia, simplesmente, colar o tapete. O homem se empertigou: ”O senhor pode colar, mas, como sou profissional, eu não posso fazer isso”. Pronunciou a palavra “profissional” com solenidade e demarcou um fosso entre o que permite a prática consagrada e o que lambões e pobres mortais como eu podem perpetrar.

Acostumamo-nos com a idéia de que, se pagamos mais ou menos, conseguimos algo mais ou menos. Para a excelência, pagamos generosamente. Mas lembremo-nos das milenares corporações de ofício, com suas tradições e rituais. Na Europa, e alhures, aprender um ofício era como uma conversão religiosa. O aprendiz passava a acreditar naquela profissão e nos seus cânones. Padrões de qualidade eram cobrados durante todo o aprendizado. Ao fim do ciclo de sete anos, o aprendiz produzia a sua “obra prima” (obra primeira), a fim de evidenciar que atingira os níveis de perfeição exigidos. Em Troyes, na França, há um museu com as melhores peças elaboradas para demonstrar maestria na profissão. Carpinteiros alardeavam o seu virtuosismo pela construção meticulosa das suas caixas de ferramentas. Na Alemanha, sobrevivem em algumas corporações de ofício as vestimentas tradicionais. Para carpinteiros, terno de veludo preto, calça boca de sino e chapéu de aba larga. É com orgulho que exibem nas ruas esses trajes.

Essa incursão na história das corporações serve para realçar que nem só de mercado vive o mundo atual. Aqueles países com forte tradição de profissionalismo disso se beneficiam vastamente. Nada de fiscalizar para ver se ficou benfeito. O fiscal severo e intransigente está de prontidão dentro do profissional. É pena que os sindicatos, herdeiros das corporações, pouco se ocupem hoje de qualidade e virtuosismo. Se pagarmos com magnanimidade, o verdadeiro profissional executará a obra com perfeição. Se pagarmos miseravelmente, ele a executará com igual perfeição. É assim, ele só sabe fazer bem, pois incorporou a ideologia da perfeição. Não apenas não sabe fazer de qualquer jeito, mas sua felicidade se constrói na busca da excelência. Sociedades sem tradição de profissionalismo precisam de exércitos de tomadores de conta (que terminam por subtrair do que poderia ser pago a um profissional com sua própria fiscalização interior). Nelas, capricho é uma religião com poucos seguidores. Sai benfeito quando alguém espreita. Sai matado quando ninguém está olhando.

Existe relação entre o que pagamos e a qualidade obtida. Mas não é só isso. O profissionalismo define padrões de conduta e excelência que não estão à venda. Verniz sem rugas traz felicidade a quem o aplicou. Juntas não têm gretas, mesmo em locais que não estão à vista. Ou seja, foram feitas para a paz interior do marceneiro e não para o cliente, incapaz de perceber diferenças. A lâmina do formão pode fazer a barba do seu dono. O lanterneiro fica feliz se ninguém reconhece que o carro foi batido. Onde entra uma chave de estria, não se usa chave aberta na porca. Alicate nela? Nem pensar! Essa tradição de qualidade nas profissões manuais é caudatária das corporações medievais. Mas sobrevive hoje, em maior ou menor grau, em todo mundo do trabalho. O cirurgião quer fazer uma sutura perfeita. Para o advogado, há uma beleza indescritível em uma petição bem lavrada, que o cliente jamais notará. Quantas dezenas de vezes tive de retrabalhar os parágrafos deste ensaio?

Tudo funciona melhor em uma sociedade em que domina o profissionalismo de sua força de trabalho. Mas isso só acontecerá como resultado de muito esforço em lapidar os profissionais. Isso leva tempo e custa dinheiro. É preciso uma combinação harmônica entre aprender o gesto profissional, desenvolver a inteligência que o orienta e o processo quase litúrgico de transmissão dos valores do ofício.

Em tempo: amadores não formam profissionais.


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FONTE: Revista Veja em 01/06/2011

domingo, 11 de setembro de 2011

VIVA A LIBERDADE!

Por Belcorígenes de S. S. Jr.

Nos dias de hoje, os representantes do relativismo moral costumam patrulhar e rotular aqueles que possuem alguma espécie de convicção e valores pessoais como sendo intolerantes e arrogantes. Ora nada mais impróprio.

Intolerante e arrogante é quem, em nome de uma agenda pseudo-libertária, pretende desconsiderar e sacrificar (destruir) as sólidas conquistas ocidentais referentes à liberdade filosófica, ideológica, moral e teológica. Estes “arautos da ditadura do silêncio” esquecem (ou fingem esquecer) que liberdade significa a oportunidade de convergir e/ou divergir.

Assim, só nos resta dizer: abaixo o aplanamento intelectual. VIVA A RESPEITOSA DIVERGÊNCIA, viva a pluralidade intelectual (SALVE, SALVE a Constituição Federal Brasileira: salve a liberdade de expressão, salve a liberdade de pensamento, salve a liberdade ideológica, salve a liberdade religiosa...).

VIVA A PLENA LIBERDADE.


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quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A CHAVE DO JURISTA

Prof. Goffredo Telles Junior


Preciosa ciência é a ciência dessa disciplina! Preciosa ciência é a Ciência do Direito!

O conhecimento científico da disciplina jurídica da convivência é luz não somente para o exercício das profissões na área do Direito - para os advogados, os juízes, os promotores públicos, os delegados de polícia mas, também, para o exercício de profissões em muitas outras áreas de trabalho. Por exemplo, ela é luz para o bacharel que for comerciante, industrial, agricultor, banqueiro, médico de família, psiquiatra, engenheiro arquiteto, urbanista, ambientalista.

A Ciência jurídica da Disciplina da Convivência é luz para o comportamento nas ocorrências graves do dia-a-dia. É luz para o relacionamento de marido e mulher, de pais e filhos, de companheiros e companheiras. É luz para transações, para tomadas de compromisso, para a honra da palavra dada. É luz para as decisões cardeais; para a adoção de um ofício ou meio de vida, e para as correções de rumo. É luz para o relacionamento com patrões, com empregados; para o trato com chefes, e dos chefes com seus secretários e demais subordinados. É luz para vinculações com sócios, com parceiros, com condôminos, com vizinhos. É luz para as opções finais, diante das grandes alternativas, e para a escolha do caminho nas encruzilhadas da existência. Até pode ser precioso para os roteiros de romancistas e poetas. E, certamente, é clarão norteador utilíssimo para políticos, economistas, sociólogos, jornalistas.

Quem fizer, com seriedade, o curso de uma Faculdade de Direito, e obtiver o conhecimento científico da Disciplina da Convivência, está pronto para a vida. Está superiormente formado para enfrentar as exigências do quotidiano.

O diplomado em Curso de Direito sabe o que é permitido e o que é proibido pelas leis. Possui, pois, o conhecimento básico de como se deve conduzir nos encontros e desencontros, nos acertos e desacertos, de que é feita a trama da comunidade humana.

Ao completar o Curso de Direito, o estudante se promove a bacharel na Ciência de Conviver. Seu diploma é uma CHAVE, a primeira CHAVE para as portas do mundo. É o título valiosíssimo de quem estudou as formas legais e ilegais dos relacionamentos humanos, e se informou sobre os caminhos e descaminhos do comportamento.

Por força desta mesma razão, abre chaga no seio da sociedade, o bacharel corrupto. Seja advogado, seja juiz, promotor de justiça, delegado de polícia, o bacharel corrupto é uma triste figura. É traidor de seu diploma e da categoria profissional a que pertence. É traidor da ordem instituída – dessa ordem de que ele é construtor, esteio e intérprete. O bacharel corrupto é traidor da Disciplina da Convivência, da qual ele é natural sentinela e guardião.

O PRIMEIRO MANDAMENTO

Poderá, talvez, algum cético, algum espírito desencantado com a moral da vida, pensar que nada disto é verdade. Que fundamento, que razões asseguram a validade autêntica de uma qualquer ordenação positiva, de um qualquer sistema legislativo? Onde está - indagará o descrente -, onde se encontra, nessa instável e movediça disciplina, a rocha viva, a garantia de um princípio excelso e perene, que seja mais alto, mais seguro do que as oscilantes e efêmeras leis, de que são feitas as estruturas jurídicas, existentes sobre a Terra?

Uma estória antiga nos conta que um moço aflito deparou Jesus numa vereda, e, trêmulo, perguntou:
- Mestre, que devo fazer para merecer o Céu?
Jesus respondeu:
-AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Deixemos de lado, se quisermos, o caráter religioso dessa narrativa.
Fiquemos, apenas, com o que ela exprime.

No mandamento proferido, lobrigamos a resposta às indagações do cético. Nele descobrimos o ansiado princípio, o princípio "mais alto ", a máxima anterior à singela norma do respeito pelo próximo.

Esse luminoso mandamento - forma de um sentimento recôndito, muitas vezes nem bem consciente, mas natural e norteador no coração humano dos verdadeiros legisladores - é, certamente, a primordial razão-deser das ordenações sociais.

Ela não é jurídica, essa norma, pronunciada por Jesus. Mas ela manifesta uma condição preciosa de entendimento e harmonia. Nela está uma inicial inspiração, a recomendação basilar, da qual a inteligência infere de conjuntura em conjuntura, de degrau em degrau - todos os imperativos e todas as interpretações das disposições jurídicas. Com a consciência apoiada nesse PRIMEIRO MANDAMENTO é que os legisladores sinceros são misteriosamente conduzidos, na construção de seus edifícios normativos. É com ele na subconsciência que os juristas manejam a sua CHAVE, ao empregar a lógica do razoável, na interpretação das leis.

Quando os construtores e os intérpretes se apartam dele e o invertem, por erro ou por algum nefasto motivo, a Disciplina da Convivência perde seu alicerce, se desvirtua, se corrompe, passa a infelicitar a comunidade. É o que acontece, por exemplo, quando a disciplina legítima da convivência é substituída pelas ordens do arbítrio, dos autocratas e déspotas. É também o que acontece nas épocas de falsa democracia, em que o Governo esquece sua verdadeira missão de meio, a serviço das pessoas; administra a Nação com cegueira para as necessidades vitais da multidão - despegado das carências e precisões das pessoas, dos trabalhadores de todas as categorias -, e se volta, com desalmada prioridade, para interesses "globais", muitas vezes ilegítimos, de um Estado divorciado do Povo.

O amor pelo próximo é princípio subliminar da ordem. É o sentimento prirneiríssirno, o primeiríssimo elã da alma, dos que são levados a conviver numa comunidade. Mesmo quando obumbrado, não bem percebido ou expresso, ele é o cimento subjacente da união dos seres na sociedade. É o elo tácito da comunhão humana.

Em verdade, o amor constitui, no imo da consciência de legisladores e intérpretes, a matriz silenciosa, o submerso manancial, a inspiração geradora da Disciplina da Convivência. É a origem mais pura, mais profunda da legislação: a causa das suas causas.

É a fonte natural do Direito.

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Goffredo Telles Junior
Livro: Iniciação na Ciência do Direito
Ed. Saraiva
Cap.XXXVIII

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

É PRECISO


(Música do Ministério Vencedores por Cristo, gravada em 1986, na voz de Jorge Camargo).

Ah! eu preciso rever minha vida
Medir os meus passos
Estender os meus braços
Às pessoas sofridas.

Ah! eu preciso olhar para dentro
Ouvir bem atento
A voz doce e forte
Parceira e consorte
Na vida e na morte
Que fala em mim.

Ah! eu preciso ser manso e amigo
Ser rocha e abrigo
Pra quem quer comigo
Na vida viver.

Ah! eu preciso ter olhos abertos
Motivos bem certos
Prá nunca enganar
Esta gente esgotada
De tanto chorar.

Ah! eu preciso ter coragem de ser
Ter vida e poder
Ter amor pra atender
Esta gente perdida (sofrida)
Por quem Deus quis morrer.


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Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=wlJ9lNE6uxw

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NÃO TEMAS (Interpretada pelo Coral Kemuel & Jotta A.)




Gritos, rumores de guerra
Uma angústia sem fim
O que acontece com a terra?
A natureza caminha ao fim
O homem perde a razão
Ganância, violência, prostituição
O mal vence o bem, justiça não tem
Muitos distantes de Deus
O amor não existe mais
Filhos matam os pais
A frieza tomou conta do coração
O amor não existe mais
Filhos matam os pais
A frieza tomou conta do coração
Pra onde fugir? pra onde correr?
Quem irá nos socorrer?
Terá salvação para a geração
Onde estamos eu e você?
Não temas, eis que logo venho
Sou Jesus, aquele que morreu pra te salvar (2x)
Voltarei pra te buscar, esteja preparado! (4x)
Não temas, eis que logo venho
Sou Jesus, aquele que morreu pra te salvar (4x)
Eis que logo vem o meu Jesus
Anseio sua volta (volta... volta...)
Jesus


Disponível em:
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6307499343323055422