terça-feira, 31 de janeiro de 2012

APRENDENDO A DISCORDAR (breve reflexão)

Por Belcorígenes de Souza Sampaio Júnior


ENQUANTO SERES HUMANOS RACIONAIS E LIVRES TEMOS QUE APRENDER A DISCORDAR E A CONCORDAR. SÓ O QUE NÃO É PERMITIDO É TENTAR EMPOBRECER O DEBATE PROIBINDO A DIVERGÊNCIA.


“Quem crê na tolerância não o faz apenas porque constata a irredutibilidade de opiniões – com a conseqüente necessidade de não empobrecer, mediante proibições, a variedade de manifestações do pensamento humano - mas também porque crê na sua fecundidade.” (Norberto Bobbio)

A diversidade ideológica, religiosa e cultural é uma realidade lógica da nossa condição de seres racionais dotados de liberdade. Querer reduzir a imensa gama de possibilidades cognitivas a um mínimo aceitável de opiniões é postular o autoritarismo de consciência ou vaticinar a ronda nas categorias mais profundas do ser. Como viabilizar teórica, e praticamente, "verdades contraposta?”. No entanto tal desiderato assume uma espécie de “mania” na sociedade moderna. Parece que só seremos “felizes” quando as diferenças “desaparecerem”. Este é um juízo de simplificação reducionista inapropriado. Não existe utopia ou cegueira maior. Somos únicos porque somos diferentes. Esta é a riqueza da raça humana: sua diversidade; sua tessitura multiforme. É este o sentido mais apropriado do direito à LIBERDADE DE EXPRESSÃO.

Em um Estado Constitucional de Direito temos que aprender a viver e a praticar a democracia sabendo que a irredutibilidade de opiniões é um fato e constitui a nossa mais lídima aspiração. A nossa identidade no mundo. Como afirma Charles Taylor:

“Podemos hablar de una identidad individualizada, que es particularmente mia, y que yo descubro em mi mismo. Este concepto surge junto con el ideal de ser fiel a mi mismo ya mi particular modo de ser(...) Hay cierto modo de ser humano que es mi modo. He sido llamado a vivir, mi vida de esta manera, y no para imitar la vida de ningún outro (...) Si no me soy fiel, estoy desviándome de mi vida, estoy perdiendo de vista lo que es para mi el ser humano(...) La importancia de este contacto próprio aumente considerablemente quando se introduce el principio de originalidad: cada uma de nuestras vocês tiene algo único que decir(...) Ser fiel a mí mismo significa ser fiel a mi propria originalidade, que es algo que sólo yo puedo articular e descubrir.”

Assim, para honrar e dignificar a nossa condição de seres humanos únicos se torna urgentemente necessário aprender a discordar e a concordar, aceitando a divergência com salutar e desistindo de vez de tentar empobrecer o debate proibindo-a (o que não se confunda com o discurso do ódio - Hate Speech - que é outra coisa, se tratando de incentivo à violência e não à diversidade. Isto é assunto de direito penal e deve ser tratado como tal).

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