quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

PORQUE NÓS ODIAMOS

UMBERTO ECO

The New York Times


Nos últimos anos, tenho escrito sobre racismo, a construção psicológica do inimigo e a função política de expressar aversão pelo "outro" ou desprezo pelo conceito de diversidade. Eu pensava que já havia dito tudo o que eu tinha que dizer sobre o assunto, mas durante uma conversa recente com meu novo amigo Thomas Stauder, alguns poucos pontos novos emergiram - ou, pelo menos, eles pareceram novos para mim. Foi uma daquelas discussões após a qual você não consegue relembrar muito bem quem disse isto ou quem disse aquilo, mas as nossas conclusões coincidiram.

As pessoas têm a tendência, com uma certa insensatez pré-socrática, de ver o amor e o ódio como dois opostos necessárias e alternativas simétricas uma para a outra. O que quer dizer que, se nós não amamos alguma coisa, então nós devemos odiá-la, e vice versa. Obviamente, entretanto, existem infinitos graus de nuances entre os dois pólos. Mesmo se nós usarmos os termos metaforicamente, o fato de que eu adoro pizza mas o não sou louco por sushi não significa que eu odeie sushi - eu simplesmente gosto menos dele do que de pizza. O fato de que eu ame alguém não significa que eu odeie todos os demais; o oposto do amor poderia facilmente ser indiferença. Eu amo os meus filhos, e eu sou indiferente ao motorista de táxi de que me apanhou há um par de horas.

AMOR EGOÍSTA

Mas a verdadeira questão aqui é que alguns tipos de amor são isolantes, exclusivos. Se eu estou loucamente apaixonado por uma mulher, eu espero que ela ame a mim e não a outra pessoa (ou pelo menos não da mesma maneira). Da mesma forma, uma mãe sente um amor passional por seus filhos e quer que eles a amem de uma maneira especial, e ela nunca iria sentir-se compelida a amar os filhos de outras pessoas com a mesma intensidade. Desse modo, do seu próprio jeito, o amor é egoísta, seletivo e possessivo.

É claro que, existe o mandamento que nos orienta a "amar" os nossos semelhantes - todos os 7 bilhões deles - como nós amamos a nós mesmos. Mas, na prática, este mandamento nos orienta a não odiar ninguém; ele não espera que amemos a um estranho do mesmo modo que nós amamos aos nossos pais ou nossos netos.

Eu amo o meu neto mais do que, vamos dizer, um caçador de foca com quem eu nunca encontrei. Isto não quer dizer que não faria nenhuma diferença para mim se um homem do outro lado do mundo morresse, mas eu sempre deverei ficar mais tocado pela morte de minha avó do que a de um estranho.

O MESMO FOGO

A aversão, por outro lado, pode ser coletiva; na verdade, sob regimes totalitários em particular, ela deve ser coletiva. Quando eu era uma criança, o Partido Fascista incitava-me a odiar todos os filhos de Albion (NT - designação simbólica dada a Inglaterra), e toda noite no rádio Mario Appelius (NT - jornalista e radialista fascista italiano) iria recitar o seu mantra "Que Deus amaldiçoe os ingleses."

Isto é o que os ditadores e os populistas querem - e as religiões também, entre as suas facções fundamentalistas - porque a aversão a um inimigo comum une as pessoas e as fazem arder em conjunto com o mesmo fogo.

O amor aquece o nosso coração com relação a apenas umas poucas pessoas selecionadas; já a repulsa incendeia os corações com relação a todos ao nosso redor, e pode mobilizar um grupo para discriminar contra milhões: uma nação, um grupo étnico, pessoas cuja pele é de uma cor diferente da nossa ou pessoas que falam outra língua.

Um racista italiano pode detestar todos os albaneses ou romenos ou ciganos. Umberto Bossi, o líder do Partido da Liga do Noroeste da Itália, odeia todos os italianos do Sudoeste (e uma vez que o seu salário é pago, em parte, pelos impostos cobrados da população do Sudoeste, esta é na verdade uma obra prima da malevolência, reunindo o ódio com o prazer de adicionar o insulto à injúria).

ÓDIO GENEROSO

Quando era primeiro ministro, Sílvio Berlusconi deixou claro que ele detestava juízes e clamava o povo italiano a fazer o mesmo - e a odiar todos os comunistas também, mesmo que isso significasse conjurar visões dos mesmos onde eles na verdade nem existem mais.

O ódio e a aversão, desse modo, não são individualistas, mas generosos e inclusivos, abraçando multidões em um simples fôlego. Unicamente nos romances e nas novelas nos é dito que é lindo morrer por amor; e usualmente o herói mais digno de consideração é aquele que encontra o seu fim enquanto enfrenta o vilão - o inimigo odiado.

A história da nossa espécie tem sido marcada muito mais pelo ódio, guerras e massacres do que por atos de amor, que são inerentemente menos confortáveis e também de certo modo cansativo caso ousemos estende-los para além do círculo imediato do nosso egoísmo. A nossa atração pelas delícias da aversão é tão natural que líderes manipuladores não encontram dificuldades em cultivá-la; enquanto isto, de tempos em tempos parece que nós somos encorajados a amar, unicamente por conta de personagens da ficção que tem o desconcertante hábito de beijar leprosos.

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UMBERTO ECO É ESCRITOR, FILÓSOFO, SEMIÓLOGO E LlNGUISTA. SEU LIVRO MAIS RECENTE É ON UGLINESS (SOBRE A FEIURA). ELE TAMBÉM É AUTOR DOS BEST-SELLERS O NOME DA ROSA, BAUDOLINO E O PÊNDULO DE FOUCAULT, ENTRE OUTROS.


TRADUÇÃO: AUGUSTO QUEIROZ


Fonte: Jornal A Tarde (Salvador-Ba. - segunda feira – 5/12/2011 – caderno Mundo, B9)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Que Deus é este?

Por Reinaldo Azevedo

"Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida,
a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso
quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se
assiste à dramática renúncia ao homem"


Boa parte das nações e dos homens celebra, nesta semana, o nascimento do Cristo, e uma vez mais nos perguntamos, e o faremos eternidade afora: qual é o lugar de Deus num mundo de iniqüidades? Até quando há de permitir tamanha luta entre o Bem e o Mal? Até Ele fechou os olhos diante das vítimas do nazismo em Auschwitz, dos soviéticos que pereceram no Gulag, da fome dizimando milhões depois da revolução chinesa? E hoje, "Senhor Deus dos Desgraçados" (como O chamou o poeta Castro Alves)? Darfur, a África Subsaariana, o Oriente Médio... Então não vê o triunfo do horror, da morte e da fúria? Por que um Deus inerme, se é mesmo Deus, diante das "espectrais procissões de braços estendidos", como escreveu Carlos Drummond de Andrade? Que Deus é este, olímpico também diante dos indivíduos? Olhemos a tristeza dos becos escuros e sujos do mundo, onde um homem acaba de fechar os olhos pela última vez, levando estampada na retina a imagem de seu sonho – pequenino e, ainda assim, frustrado...

Até quando haveremos de honrá-Lo com nossa dor, com nossas chagas, com nosso sofrimento? Até quando pessoas miseráveis, anônimas, rejeitadas até pela morte, murcharão aos poucos na sua insignificância, fazendo o inventário de suas pequenas solidões, colecionando tudo o que não têm – e o que é pior: nem se revoltam? Se Ele realmente nos criou, por que nos fez essa coisa tão lastimável como espécie e como espécimes? Se ao menos tirasse de nosso coração os anseios, os desejos, para que aprendêssemos a ser pedra, a ser árvore, a ser bicho entre bichos... Mas nem isso. Somos uns macacos pelados, plenos de fúrias e delicadezas (e estas nos doem mais do que aquelas), a vagar com a cruz nos ombros e a memória em carne viva. Se a nossa alma é mesmo imortal, por que lamentamos tanto a morte, como observou o latino Lucrécio (séc. I a.C.)? Se há um Deus, por que Ele não nos dá tudo aquilo que um mundo sem Deus nos sonega?

Evito, leitor, tratar aqui do mistério da fé, que poderia, sim, responder a algumas perplexidades. O que me interessa neste texto é a mensagem do Cristo como uma ética entre pessoas, povos e até religiões. Não pretendo, com isso, solapar a dimensão mística do Salvador, mas dar relevo a sua dimensão humana. O cristianismo é o inequívoco fundador do humanismo moderno porque é o criador do homem universal, de quem nada se exigia de prévio para reivindicar a condição de filho de Deus e irmão dos demais homens. É o fundamento religioso do que, no mundo laico, é o princípio da democracia contemporânea. Não por acaso, a chamada "civilização ocidental" é entendida, nos seus valores essenciais, como "democrática" e "cristã". Isso tudo é história, não gosto ou crença.

Falo das iniqüidades porque é com elas que se costuma contrastar a eventual existência de uma ordem divina. Segundo essa perspectiva, se o Mal subsiste, então não pode haver um Deus, que só seria compatível com o Bem perpétuo. Ocorre que isso tiraria dos nossos ombros o peso das escolhas, a responsabilidade do discernimento, a necessidade de uma ética. Nesse caso, o homem só seria viável se isolado no Paraíso, imerso numa natureza necessariamente benfazeja e generosa. O cristianismo – assim como as demais religiões (e também a ciência) – existe é no mundo das imperfeições, no mundo dos homens. Contestar a existência de Deus segundo esses termos corresponde a acenar para uma felicidade perpétua só possível num tempo mítico. E as religiões são histórias encarnadas, humanas.

Em Auschwitz, no Gulag ou em Darfur, vê-se, sem dúvida, a dimensão trágica da liberdade: a escolha do Mal. E isso quer dizer, sim, a renúncia a Deus. Mas também se assiste à dramática renúncia ao homem. Esperavam talvez que se dissesse aqui que o Mal Absoluto decorre da deposição da Cruz em favor de alguma outra crença ou convicção. A piedade cristã certamente se ausentou de todos esses palcos da barbárie. Mas, com ela, entrou em falência a Razão, humana e salvadora.

Fé e Razão são categorias opostas, mas nasceram ao mesmo tempo e de um mesmo esforço: entender o mundo, estabelecendo uma hierarquia de valores que possa ser por todos interiorizada. As cenas das mulheres de Darfur fugindo com suas crianças, empurradas pela barbárie, remetem, é inevitável, à fuga de Maria e do Menino Jesus para o Egito, retratada por Caravaggio (1571-1610) na imagem que ilustra este texto – o carpinteiro José segura a partitura para o anjo. As representações dessa passagem, pouco importam pintor ou escola, nunca são tristes (esta vem até com música), ainda que se conheça o desfecho da história. É o cuidado materno, símbolo praticamente universal do amor de salvação, sobrepondo-se à violência irracional que o persegue.

Nazismo, comunismo, tribalismos contemporâneos tornados ideologias... São movimentos, cada um praticando o horror a seu próprio modo, que destruíram e que destroem, sem dúvida, a autoridade divina. Mas nenhum deles triunfou sem a destruição, também, da autoridade humana, subvertendo os valores da Razão (afinal, acreditamos que ela busca o Bem) e, para os cristãos, a santidade da vida. Todas as irrupções revolucionárias destruíram os valores que as animaram, como Saturno engolindo os próprios filhos. O progresso está com os que conservam o mundo, reformando-o.

Pedem-me que prove que um mundo com Deus é melhor do que um mundo sem Deus? Se nos pedissem, observou Chesterton (1874-1936), pensador católico inglês, para provar que a civilização é melhor do que a selvageria, olharíamos ao redor um tanto desesperados e conseguiríamos, no máximo, ser estupidamente parciais e reducionistas: "Ah, na civilização, há livros, estantes, computador..." Querem ver? "Prove, articulista, que o estado de direito, que segue os ritos processuais, é mais justo do que os tribunais populares." E haveria uma grande chance de a civilização do estado de direito parecer mais ineficiente, mais fraca, do que a barbárie do tribunal popular. Há casos em que é mais fácil exibir cabeças do que provas. A convicção plena, às vezes, é um tanto desamparada.

Este artigo não trata do mistério da fé, mas da força da esperança, que é o cerne da mensagem cristã, como queria o apóstolo Paulo: "É na esperança que somos salvos". O que ganha quem se esforça para roubá-la do homem, fale em nome da Razão, da Natureza ou de algum outro Ente maiúsculo qualquer? E trato da esperança nos dois sentidos possíveis da palavra: o que tenta despertar os homens para a fraternidade universal, com todas as suas implicações morais, e o que acena para a vida eterna. O ladrão de esperanças não leva nada que lhe seja útil e ainda nos torna mais pobres de anseios.

O cristianismo já foi acusado de morbidamente triste, avesso à felicidade e ao prazer de viver, e também de ópio das massas, cobrindo a realidade com o véu de uma fantasia conformista, que as impedia de ver a verdade. Ao pregar o perdão, dizem, é filosofia da tibieza; ao reafirmar a autoridade divina, acusam, é autoritário. Pouco afeito à subversão da autoridade humana, apontam seu servilismo; ao acenar com o reino de Deus, sua ambição desmedida. Em meio a tantos opostos, subsiste como uma promessa, mas também como disciplina vivida, que não foge à luta.

Precisamos do Cristo não porque os homens se esquecem de ter fé, mas porque, com freqüência, eles abandonam a Razão e cedem ao horror. Sem essa certeza, Darfur – a guerra do forte contra o indefeso, da criança contra o fuzil, do bruto contra a mulher –, uma tragédia que o mundo ignora, seria ainda mais insuportável.


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Fonte: http://veja.abril.com.br/241208/p_095.shtml

Que Goffredo não descanse em paz

Por Reinaldo Azevedo

"Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima dele, reina o Poder de uma Ideia: reina o Poder das convicções que inspiram as linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na Constituição."
Trecho da Carta aos Brasileiros, de 1977

Os fatos não se dividem, observou o escritor francês Anatole France (1844- 1924), em históricos e não históricos. A seleção, dizia, cabe ao historiador. Na verdade, as aspirações de uma sociedade, os valores influentes num dado momento, as correntes de opinião que tornam hegemônico um ponto de vista, tudo isso concorre para determinar o que é ou não "histórico". O passado é permanentemente reescrito e é tão ou mais incerto do que o futuro. Pensei coisas semelhantes ao ler as justas homenagens ao jurista Goffredo da Silva Telles Jr., que morreu, aos 94 anos, no último dia 27. Professor emérito da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, pertencia à categoria dos "juristas". Na imprensa, foi saudado por uma perífrase, por um feito que acabou se colando a seu nome e se tornando sinônimo: "O autor da Carta aos Brasileiros".

No dia 8 de agosto de 1977, Goffredo leu um documento de 4 096 palavras que expressava um inequívoco repúdio à ditadura militar e pedia a volta da democracia. A data e o local estavam carregados de simbolismo: comemoravam-se, sob as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, os 150 anos da fundação dos cursos jurídicos no Brasil. Quatro meses antes, o presidente Ernesto Geisel havia fechado o Congresso para impor uma reforma política que garantisse a sobrevivência do regime. Curiosamente, era o preço que a ditadura cobrava para dar continuidade à distensão, à abertura "lenta e gradual", que iria extinguir o AI-5 no ano seguinte. A história nunca é linear.

E era o impressionante déficit democrático do Brasil que Goffredo denunciava de forma insofismável. Passados 32 anos, nota-se que nem todos os princípios virtuosos da Carta foram incorporados ao patrimônio ético e moral da política. Há dias, referindo-se à formidável rotina de desmandos no Senado, o presidente Lula preferiu apontar supostos exageros da imprensa e ponderou: "José Sarney não é um homem comum". Falava do outro ou de si mesmo? Vamos ao Goffredo da Carta:

"Reconhecemos que o Chefe do Governo é o mais alto funcionário nos quadros administrativos da Nação. Mas negamos que ele seja o mais alto Poder de um País. Acima dele, reina o Poder de uma Ideia: reina o Poder das convicções que inspiram as linhas mestras da Política nacional. Reina o senso grave da Ordem, que se acha definido na Constituição".

Em sete tópicos, o professor resume os fundamentos do regime democrático, dos quais o Brasil estava apartado. Na seção Documentos de meu blog veja.abril.com.br/blog/reinaldo, publico a íntegra do texto. Sobre a distinção entre "o legal e o legítimo", ele escreve:

"Partimos de uma distinção necessária. Distinguimos entre o legal e o legítimo. (...) Das leis, a fonte legítima primária é a comunidade a que as leis dizem respeito; é o Povo (...). A fonte legítima secundária das leis é o próprio legislador (...). Mas o legislador e os órgãos legislativos somente são fontes legítimas das leis enquanto forem (...) vozes oficiais do Povo".

A ditadura brasileira, à sua maneira, era de "direito", sustentava-se na lei. Mas qual era a sua fonte originária? Não era "o povo". Naquele momento, a denúncia da ilegitimidade do aparato legal era uma questão de resistência democrática. A exemplo de qualquer documento, a Carta está sujeita a releituras extemporâneas. Hoje em dia, há quem pretenda usá-la como justificativa para afrontar a Constituição, tratada como mero "papel". Em 1977, acusar a ilegitimidade do legal correspondia a fazer história. Repetir a acusação em 2009 é só uma farsa. Acusar a ilegitimidade do legal em 1977 distinguia os democratas; em 2009, distingue demagogos subordinados à voz das ruas.

Em vez de pregar a transgressão das leis, Goffredo faz uma defesa apaixonada do estado de direito, fundado na legitimidade democrática. Escreve:

"Proclamamos que o Estado legítimo é o Estado de Direito, e que o Estado de Direito é o Estado Constitucional. O Estado de Direito é o Estado que se submete ao princípio de que Governos e governantes devem obediência à Constituição".

Assim, leitor, numa democracia, não é a legitimidade que promove ou tolera o desrespeito ao estado de direito, e sim o flerte com "o arbítrio de vetustos e renitentes absolutismos". A fonte legitimadora da lei é a população, mas a fonte legitimadora do direito é a Constituição. O direito deve ser achado na lei, não nas ruas. A tirania exercida em nome do povo não é menos detestável do que a exercida por medo do povo.

Goffredo fez-se, assim, referência no combate à ditadura. Nesse processo, foi apropriado, de modo consentido, pelas esquerdas, sempre ágeis em reler o passado, como se os fundamentos de sua Carta não fossem os de uma democracia liberal. Limaram-se os relevos supostamente incômodos de sua biografia para fazer dele um "socialista" – ele próprio passou a se considerar assim. Seu passado de militante da conservadora Ação Integralista Brasileira foi eliminado. Não bastava.

Apagou-se da história o livro A Democracia e o Brasil: uma Doutrina para a Revolução de Março, de 1965, em que ele apresenta as suas sugestões para uma Constituição, digamos, à altura do movimento militar de 1964. O próprio site de Goffredo (www.goffredotellesjr.adv.br) "conserta" o passado segundo as injunções do presente e apenas cita o título, mas eliminando o subtítulo. Amigos seus tentaram fazer da obra a contribuição do iluminismo às trevas. Tudo mistificação. Nem ele, nessa obra, é muito iluminado nem o regime era ainda tão escuro. A nota preliminar não poderia ser mais eloquente:

"Este livro foi escrito muito antes da Revolução de Março. A necessidade de recorrer às armas para salvar o Brasil constitui a clara demonstração de que é rigorosamente verdadeira a crítica feita nestas páginas. A Revolução Vitoriosa foi a sublevação do Brasil autêntico, em consonância com os mais profundos anseios da Nação. Agora, no Brasil Novo, o que cumpre é não retornar às obsoletas, enganosas e nefastas fórmulas constitucionais, que iam levando o nosso País à desgraça. (...) O Brasil estava sendo falsificado. Aliás, a deturpação da realidade constitucional de nossa terra vem sendo feita há muito tempo. Não podemos mais tolerar a desfiguração da Realidade Brasileira e a sufocação do Espírito Nacional. Queremos que o Brasil tenha a Constituição que seja espelho da Nação".

Definitivamente, não se trata de um adversário do "golpe". Que eu saiba, o livro nunca foi reeditado. E esse é um dos desserviços que os mistificadores prestam à história do pensamento. A obra não desonra a biografia de Goffredo. Ao contrário: torna-o demasiadamente humano e nos informa que a história é também a história que dela se conta. Tivessem os militares acatado as suas sugestões, teria sido a Constituição de Goffredo mais, vá lá, "democrática" do que a de 1967, aquela "da ditadura"? Leiam vocês mesmos:

"Art. 46. O Colégio Eleitoral da República tem duas funções: a de eleger os Senadores Nacionais e a de se manifestar, com um ‘sim’ ou um ‘não’, sobre a idoneidade e aptidão de cada candidato à Presidência da República. Compõe-se dos Professores Catedráticos efetivos de todas as Faculdades oficiais de ciências sociais existentes no País, dos Ministros do Supremo Tribunal e dos Desembargadores dos Tribunais de Justiça" (pág. 83).

Qual dos "Goffredos" nos interessa? Ainda que possamos fazer a escolha moral pelo da "Carta de 1977", o da "Constituição de 1965" pode ser até mais relevante para a compreensão da realidade. Por quê? Aquele de 1977 é o da história hoje consagrada como vitoriosa; o de 1965 é o da história que restou derrotada. Entender os motivos dos derrotados pode ser mais instrutivo do que dividir os despojos da conquista com os vitoriosos. Ao menos para o pensador.

Que Goffredo não descanse em paz e que sua obra, a completa, continue a importunar os vivos.


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Fonte: http://veja.abril.com.br/080709/que-goffredo-nao-descanse-paz-p-86.shtml

terça-feira, 8 de novembro de 2011

CARTA DE UM AMERICANO PARA O BRASIL

AUTOR DESCONHECIDO


“Caros amigos brasileiros e 'ricaços',

Vocês brasileiros pagam o dobro do que os americanos pagam pela água que consomem, embora tenham bastante água doce disponível. Aproximadamente 25% da reserva mundial de água Doce está no Brasil.

Vocês brasileiros pagam 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade, embora 95% da produção de energia em seu país seja hidroelétrica (mais barata e não poluente). Nós, pobres americanos, somente podemos pagar pela energia altamente poluente, produzidas por usinas termelétricas à base de carvão e petróleo e as perigosas usinas Nucleares.

E por falar em petróleo...

Vocês brasileiros pagam o dobro pela gasolina, que ainda por cima é de má qualidade, que acabam com os motores dos carros, misturas para beneficiar os usineiros de álcool. Não dá para entender, seu país é quase auto-suficiente em produção de petróleo (75% é produzido aí) e ainda assim tem preços tão elevados. Aqui nos EUA nós defendemos com unhas e dentes o preço do combustível que está estabilizado há vários anos US$ 0,30 ou seja R$ 0,90. Obs.: gasolina pura, sem mistura.

E por falar em carro...

Vocês brasileiros pagam R$ 40 mil por um carro que nós, nos EUA, pagamos R$ 20 mil. Vocês dão de presente para seu governo R$ 20 mil para gastar não se sabe com que e nem aonde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos EUA.

Na Flórida, caros brasileiros, nós somos muito pobres; o governo estadual cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil, e mais 4% de imposto federal, o que dá um total de 6%. No Brasil vocês são muito ricos, já que afinal concordam em pagar 18% só de ICMS.

E já que falamos de impostos...

Eu não entendo porque vocês alegam serem pobres, se, afinal, vocês não se importam em pagar, além desse absurdo ICMS, mais PIS, CONFINS, CPMF, ISS, IPTU, IR, ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral, com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda assim fazem festa em estádios de futebol e nas passarelas de Carnaval. Sinal de que não se incomodam com esse confisco maligno que o governo promove, lhes tirando quatro meses por ano de seu suado trabalho. De acordo com estudos realizados, um brasileiro trabalha quatro meses por ano somente para pagar a carga tributária de impostos diretos e indiretos.

Segue...

Nós americanos lembramos que somos extremamente pobres, tanto que o governo isenta de pagar imposto de renda todos que ganham menos de US$ 3 mil dólares por mês (equivalente a R$ 9.300,00), enquanto aí no Brasil os assalariados devem viver muito bem, pois pagam imposto de renda todos que ganham a partir de R$ 1.200,00. Além disso, vocês têm desconto retido na fonte, ou seja, ainda antecipam o imposto para o governo, sem saber se vão ter renda até o final do ano. Aqui nos EUA nos declaramos o imposto de renda apenas no final do ano, e caso tenhamos tido renda, ai sim recolhemos o valor devido aos cofres públicos. Essa certeza nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável.

Aí no Brasil vocês pagam escolas e livros para seus filhos, porque afinal, devem nadar em dinheiro, e aqui nos EUA, nós, pobres de país americano, como não temos toda essa fortuna, mandamos nossos filhos para as excelentes escolas públicas com livros gratuitos. Vocês, ricaços do Brasil, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam POR MÊS o que nós pobres americanos pagamos POR ANO.

E por falar em pagamentos...

Caro amigo brasileiro, quando você me contou que pagou R$ 2,500.00 pelo seguro de seu carro, aí sim, eu confirmei a minha tese: vocês são podres de rico!!!!!!!! Nós nunca poderíamos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel. Por meu carro grande e luxuoso, eu pago US$ 345,00. Quando você me disse que também paga R$ 1.700,00 de IPVA pelo seu carro, não tive mais dúvidas. Nós pagamos apenas US$ 15,00 de licenciamento anual, não importando qual tipo de veiculo seja. Afinal, quem é rico e quem é pobre?

Aí no Brasil 20% da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não podemos nos dar ao luxo de sustentar além de 4% da população que está desempregada. Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha???"


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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A Pessoa Humana e Seus Direitos (Fragmento)

Por FÁBIO KONDER COMPARATO

“Reagindo contra a crescente despersonalização do homem no mundo contemporâneo, como reflexo da mecanização e burocratização da vida em sociedade, a reflexão filosófica da primeira metade do século XX acentuou o caráter único e, por isso mesmo, inigualável e irreprodutível da personalidade individual.Confirmando a visão da filosófica estóica, reconheceu-se que a essência da personalidade humana não se confunde com a função ou papel que cada qual exerce na vida. A pessoa não é personagem. A chamada qualificação pessoal (estado civil, nacionalidade, profissão, domicílio) é mera exterioridade, que nada diz da essência própria do indivíduo. Cada qual possui uma identidade singular, inconfundível com a de outro qualquer (...) O caráter único e insubstituível de cada ser humano, portador de um valor próprio, demonstra que a dignidade da pessoa existe singularmente em todo indivíduo”.


(FÁBIO KONDER COMPARATO – In A Afirmação Histórica dos Direitos Humanos).

sábado, 22 de outubro de 2011

MULHERES SÃO ESPECIAIS

Por Belcorígenes de Souza Sampaio Júnior

As mulheres, quase todas, são seres humanos especiais. Eu poderia embasar esta informação em lugares comuns que evidenciam o lado do afeto maternal ou mesmo o milagre da geração da vida. Vou preferir falar da minha experiencia pessoal.

A minha vida sempre foi norteada pela influência positiva delas. Tantas vezes encontrei guarida no calor, sensibilidade, apoio, ensinamentos e afeto femininos que posso afirmar, sem reservas, que devo quase tudo o que sei e o que sou, a Deus, e a elas. Posso dizer que este entorno protetor tem me proporcionando o amor – amor Ágape – compreensão e carinho que me “resgatam”, formam e definem o homem que sou.

Estes anjos de Deus assumem várias formas: mãe, esposa, filha, avó, irmã, tias, primas, sobrinha, professoras, alunas, colegas, amigas, cada uma com sua importância e papel.

Seria difícil tentar citar nominalmente todas, assim as homenageio, especialmente, nas pessoas da minha esposa Tatiana e filha Carolina.

Peço a Deus que as abençoe sempre e mais.

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

DIREITOS FUNDAMENTAIS: REFLEXÕES SOBRE A LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Por Belcorígenes de Souza Sampaio Júnior


(…) Há quem argumente que certas manifestações da liberdade de expressão podem ferir o princípio da igualdade. Entendem que a divulgação de algumas opiniões específicas podem vulnerar grupos menos privilegiados e contribuir para o aumento da desigualdade. Esta corrente fomenta a ideia de que algumas pessoas não devem ser livres para expressar as suas opiniões e preferências.

Equivocadamente, se toma como parâmetro para esta "censura" algumas normas a respeito de assédio sexual e discriminação no ambiente de estudo ou de trabalho. Mas é fácil ver que não trata da mesma coisa. O assédio sexual e a discriminação negativa são condutas que efetivamente merecem reprovação. Mas este pensamento legítimo nunca pode estribar a falsa ideia de que necessário desinfetar o mundo para criar um espaço asséptico para abrigar "grupos minoritários que se julgam alvo de manifestações e expressões que ‘reputam’ ofensivas".

Tal situação seria um retorno a um tempo das "trevas" da ignorância jurídico-política. Na prática, pressupõe a criação de uma espécie de "POLÍCIA IDEOLÓGICA" e, quem sabe, de uma "CENSURA PRÉVIA" em textos e falas. Neste diapasão, seria necessário e conveniente, quem sabe, estabelecer também "TRIBUNAIS CULTURAIS" para julgar as demandas apresentadas pelos "FISCAIS CULTURAIS", o que, verdadeiramente, é um insondável absurdo.


"O ESTADO PODERIA ENTÃO PROIBIR A EXPRESSÃO VÍVIDA, VISCERAL OU EMOTIVA DE QUALQUER OPINIÃO OU CONVICÇÃO QUE TIVESSE UMA POSSIBILIDADE RAZOÁVEL DE OFENDER UM GRUPO MENOS PRIVILEGIADO. PODERIA POR NA ILEGALIDADE A APRESENTAÇÃO DA PEÇA O MERCADOR DE VENEZA, OS FILMES SOBRE MULHERES QUE TRABALHAM FORA E NÃO CUIDAM DIREITO DOS FILHOS E AS CARICATURAS OU PARÓDIAS DE HOMOSSEXUAIS NOS SHOWS DE COMEDIANTES. OS TRIBUNAIS TERIAM DE PESAR O VALOR DESSAS FORMAS DE EXPRESSÃO, ENQUANTO CONTRIBUIÇÕES CULTURAIS OU POLÍTICAS, CONTRA OS DANOS QUE PODERIAM CAUSAR AO STATUS OU À SENSIBILIDADE DOS GRUPOS ATINGIDOS." (DWORKIN, Ronald. O direito da Liberdade : a leitura moral da Constituição norte-americana. Trad. M. Brandão Cipolla. São Paulo: Martins Fontes, 2006).


É preciso sempre muita atenção para não caiamos no erro de acreditar que os institutos da liberdade e da igualdade estão em lados opostos. Na verdade, ambos se complementam na luta pela efetivação dos direitos fundamentais da humanidade. Não existe o tal propalado conflito entre a liberdade e a igualdade, e mesmo se existisse teríamos que fazer a opção pela liberdade, pois o entendimento contrário nos levaria a justificar a existência de um Estado controlador, o que seria uma grave agressão à própria noção de direitos fundamentais, que são exatamente aqueles direitos que os particulares exercem contra o Estado e contra terceiros, e que pertencem à órbita de ação do indivíduo, dentro da eficácia vertical e horizontal dos mesmos.

O ambiente social e político de uma sociedade é plural. É exatamente esta riqueza, ou "mercado de idéias", que faz prosperar as diferenças, e não seu contrário. O direito à diferença e o direito à manifestação do pensamento estão intimamente ligados à própria noção de igualdade, cidadania e representação.

Uma sociedade ideologicamente plural deve admitir a existência de diversas manifestações divergentes. Quando um Estado que se diz democrático resolve intervir indevidamente no processo natural de harmonização das diferenças, surge sempre um problema. É que não compete a um Estado Democrático de Direito selecionar quais manifestações e valores poderão prosperar e quais não. Isto é tarefa da sociedade civil organizada pois tais assuntos se enquadram no âmbito dos interesses da vida privada. A complexidade do corpo social exige distanciamento do Estado das ideologias particulares dos seus cidadãos concretizando assim, efetivamente, as legítimas aspirações e ideais de liberdade.

É importante ressaltar, que uma coisa é o lídimo direito à manifestação ou expressão do pensamento, e outra bem diferente é supor que alguém ou algum grupo tenha o direito de impor a sua visão, ou os seus valores, à sociedade sob a tutela do Estado. Assim como não existe um direito geral a "aceitação das ideias”, não existirá obviamente como contrapartida um direito a "imposição de uma ideia” ou valor qualquer. As ideias devem se confrontar no próprio plano das ideias e não na trincheira do direito ou na ameaça da sanção oficial por parte de um Estado que se pretenda minimamente democrático.

Podemos exemplificar esta questão com a seguinte hipótese: um determinado Estado resolve proibir, através de uma sanção penal ou civil, que os valores e a doutrina "A" (religiosa, moral ou política) seja defendida ou professada pelo motivo desta entrar em confronto direto com os postulados da doutrina "B". Se agir assim, este Estado comete dois erros; Em primeiro lugar viola o direito à liberdade religiosa, ideológica ou liberdade de expressão das pessoas que se filiam à doutrina "A" e, sendo laico e democrático e portanto neutro, se desnatura ao promover, ou facilitar a promoção, da doutrina "B".

Não podemos olvidar, que a identidade do indivíduo é inferida sempre a partir de critérios de semelhança e comparação. Geralmente é definida como a expressão da sua semelhança com algo que seja emblemático enquanto paradigma. Ou seja, para falarmos em identidade do indivíduo precisamos saber as características singulares do mesmo para então comparar com os demais modelos existentes e estabelecer as diferenciações e semelhanças, que definem quem ele é, e porque ele é o que é. O mesmo vale para os diversos grupos sociais. Assim, é possível conceber a liberdade de expressão como manifestação da personalidade e, portanto, componente mesmo da identidade individual.

O segundo sentido da palavra reconhecimento, que é o de identificação, serve para dizer que alguém foi "reconhecido em meio a uma multidão", ou seja, foi identificado. E a política de reconhecimento deve ser entendida como a atitude de particularizar um indivíduo, percebendo-o em sua singularidade. Tentar planificar as diferenças individuais naturais, sob qualquer pretexto, é um absurdo. Avulta o fato de que cada indivíduo é diferenciado e o mérito de ser diferenciado é exatamente o que confere o valor inerente da autenticidade, amplamente protegida pelos estatutos jurídicos dos direitos fundamentais.

Desta maneira, há que se pensar a liberdade de expressão como garantia de que o indivíduo seja reconhecido por seus méritos (valorização) e por sua diferença (identificação). E a identificação, como vertente da política de reconhecimento, se inclina para personalidade do indivíduo, e não apenas para a sua pessoa – enquanto ser humano. Não se reconhece (identifica) o sujeito apenas por ser quem é (sua identidade pessoal: pessoa, cidadão, idade, sexo etc), mas por ser como é (sua personalidade: gostos, preferências, escolhas, ideologias, etc). É como quando se diz ao observar uma pintura ou ler um livro que devido às suas peculiaridades é possível reconhecer (identificar) o seu autor.

Um outro aspecto importante da questão é a moderna compreensão de que cada ser humano tem a sua própria expressão de personalidade única e inigualável, sua “marca” pessoal que o faz singular no mundo. Isto amplia a noção de identidade enquanto grupo religioso, ou social. Dizendo de outra forma. No caso da questão religiosa, por exemplo, duas pessoas não creem sempre da mesma maneira ou na mesma intensidade e isto vai decorrer que a expressão de fé de cada uma vai ser sempre diferente. Tal dimensão subjetiva também deve ser contemplada pelo estudo das liberdades, de uma maneira geral.

Sabendo que todo ser humano independentemente de ser diferente, ou não, do seu ambiente social tem os mesmos direitos que os demais, implica concluir que para o universo jurídico tais diferenças ideológicas devem ser insignificantes, ou seja, devem passar ao largo do domínio e controle estatal. O Estado Democrático, DEVE proporcionar o ambiente adequado para que tais singularidades floresçam, inclusive punindo qualquer tentativa espúria de proibição ou ameaça às liberdades. Assim, se o fiel de uma fé religiosa qualquer se veste de maneira atípica para os padrões seculares da moda e sofre opressão ou discriminação social por causa disto, estará sofrendo um verdadeiro atentado à sua liberdade cultural e religiosa – passível de punição estatal - que lhe garante o direito de ser e se expressar de acordo com as suas próprias e íntimas convicções.


"PODEMOS HABLAR DE UNA IDENTIDAD INDIVIDUALIZADA, QUE ES PARTICULARMENTE MIA, Y QUE YO DESCUBRO EM MI MISMO. ESTE CONCEPTO SURGE JUNTO CON EL IDEAL DE SER FIEL A MI MISMO YA MI PARTICULAR MODO DE SER(...) HAY CIERTO MODO DE SER HUMANO QUE ES MI MODO. HE SIDO LLAMADO A VIVIR, MI VIDA DE ESTA MANERA, Y NO PARA IMITAR LA VIDA DE NINGÚN OUTRO (...) SI NO ME SOY FIEL, ESTOY DESVIÁNDOME DE MI VIDA, ESTOY PERDIENDO DE VISTA LO QUE ES PARA MI EL SER HUMANO(...) LA IMPORTANCIA DE ESTE CONTACTO PRÓPRIO AUMENTE CONSIDERABLEMENTE QUANDO SE INTRODUCE EL PRINCIPIO DE ORIGINALIDAD: CADA UMA DE NUESTRAS VOCÊS TIENE ALGO ÚNICO QUE DECIR(...) SER FIEL A MÍ MISMO SIGNIFICA SER FIEL A MI PROPRIA ORIGINALIDADE, QUE ES ALGO QUE SÓLO YO PUEDO ARTICULAR E DESCUBRIR" (TAYLOR, Charles. El multiculturalismo y la la" política del reconocimiento". México, D.F: Fondo de Cultura Econômica, 1993. p. 22,24,25).


Apenas para formatar o debate, resta dizer que uma coisa é um grupo – ou instituição - realizar o combate ideológico ou a defesa das suas convicções e valores DENTRO DO PRÓPRIO JOGO DEMOCRÁTICO, onde todos podem expressar as suas convicções e trabalhar por elas. Tal postura é lícita e ancorada na própria noção de liberdade de expressão. Outra coisa bem diferente é este mesmo grupo tentar impedir POR MEIOS NÃO DEMOCRÁTICOS – proibição ou perseguição oficial - a manifestação ideológica de uma doutrina ou pensamento qualquer. Isto caracterizaria uma violação, não apenas da dignidade humana, mais do próprio Estado Democrático de Direito.

Por fim o exercício de democracia não pode nunca ser tomado como atentatório da dignidade humana. Atentatório seria tentar emudecer a expressão daqueles que quiserem exercer este legítimo direito. Sob esta ótica não se pode negar que ser partidário da "verdade", muitas vezes significa somente uma questão de ponto de vista, dentro do espaço da livre reflexão autonômica dos indivíduos que estejam em lados opostos, em um debate ideológico.


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Parcialmente extraído do Texto LIBERDADE RELIGIOSA VERSUS LIBERDADE DE EXPRESSÃO, do próprio autor, disponível na íntegra em: http://jus.com.br/revista/texto/17660/liberdade-religiosa-versus-liberdade-de-expressao/1

terça-feira, 4 de outubro de 2011

TODA GLÓRIA HUMANA É EFÊMERA

Por Belcorígenes de S. Sampaio Jr.

Na Roma antiga, quando um general retornava vitorioso de uma batalha era homenageado publicamente em uma cerimônia solene intitulada TRIUNFO.

Devidamente paramentado com vestes imponentes e acompanhado de numeroso séquito, o grande comandante seguia numa carruagem em direção ao Capitólio Romano com enorme pompa, e em meio à multidão frenética que gritava o seu nome.

A única peça dissonante neste cenário era a figura de um escravo que andando discretamente ao lado da carruagem repetia aos ouvidos do ilustre vitorioso, ininterruptamente, a seguinte frase: “toda glória é efêmera” (ou “a glória do mundo passa” - SIC TRANSIT GLORIA MUNDI – em latim).

O claro objetivo desta conduta era permitir que aquele que recebia as honras da multidão não se deixasse levar pela ilusão de ser um deus imortal e assim, sabedor da sua condição humana, não se esquecesse de que acima de tudo era um servo de Roma.

De maneira análoga podemos aplicar esta interessante prática a todas as esferas da nossa vida , apenas substituindo a ideia de Roma pela realidade da família, da sociedade e de DEUS.

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terça-feira, 27 de setembro de 2011

O PROFISSIONALISMO COMO RELIGIÃO

Por CLAUDIO MOURA DE CASTRO

Logo que mudei para a França, tive de levar meu carro para consertar. Ao buscá-lo, perguntei se havia ficado bom. O mecânico não entendeu. Na cabeça dele, se entregou a chave e a conta, nada mais a esclarecer sobre o conserto. Mais à frente, decidi atapetar um quartinho. O tapeceiro propôs uma solução que me pareceu complicada. Perguntei se não poderia, simplesmente, colar o tapete. O homem se empertigou: ”O senhor pode colar, mas, como sou profissional, eu não posso fazer isso”. Pronunciou a palavra “profissional” com solenidade e demarcou um fosso entre o que permite a prática consagrada e o que lambões e pobres mortais como eu podem perpetrar.

Acostumamo-nos com a idéia de que, se pagamos mais ou menos, conseguimos algo mais ou menos. Para a excelência, pagamos generosamente. Mas lembremo-nos das milenares corporações de ofício, com suas tradições e rituais. Na Europa, e alhures, aprender um ofício era como uma conversão religiosa. O aprendiz passava a acreditar naquela profissão e nos seus cânones. Padrões de qualidade eram cobrados durante todo o aprendizado. Ao fim do ciclo de sete anos, o aprendiz produzia a sua “obra prima” (obra primeira), a fim de evidenciar que atingira os níveis de perfeição exigidos. Em Troyes, na França, há um museu com as melhores peças elaboradas para demonstrar maestria na profissão. Carpinteiros alardeavam o seu virtuosismo pela construção meticulosa das suas caixas de ferramentas. Na Alemanha, sobrevivem em algumas corporações de ofício as vestimentas tradicionais. Para carpinteiros, terno de veludo preto, calça boca de sino e chapéu de aba larga. É com orgulho que exibem nas ruas esses trajes.

Essa incursão na história das corporações serve para realçar que nem só de mercado vive o mundo atual. Aqueles países com forte tradição de profissionalismo disso se beneficiam vastamente. Nada de fiscalizar para ver se ficou benfeito. O fiscal severo e intransigente está de prontidão dentro do profissional. É pena que os sindicatos, herdeiros das corporações, pouco se ocupem hoje de qualidade e virtuosismo. Se pagarmos com magnanimidade, o verdadeiro profissional executará a obra com perfeição. Se pagarmos miseravelmente, ele a executará com igual perfeição. É assim, ele só sabe fazer bem, pois incorporou a ideologia da perfeição. Não apenas não sabe fazer de qualquer jeito, mas sua felicidade se constrói na busca da excelência. Sociedades sem tradição de profissionalismo precisam de exércitos de tomadores de conta (que terminam por subtrair do que poderia ser pago a um profissional com sua própria fiscalização interior). Nelas, capricho é uma religião com poucos seguidores. Sai benfeito quando alguém espreita. Sai matado quando ninguém está olhando.

Existe relação entre o que pagamos e a qualidade obtida. Mas não é só isso. O profissionalismo define padrões de conduta e excelência que não estão à venda. Verniz sem rugas traz felicidade a quem o aplicou. Juntas não têm gretas, mesmo em locais que não estão à vista. Ou seja, foram feitas para a paz interior do marceneiro e não para o cliente, incapaz de perceber diferenças. A lâmina do formão pode fazer a barba do seu dono. O lanterneiro fica feliz se ninguém reconhece que o carro foi batido. Onde entra uma chave de estria, não se usa chave aberta na porca. Alicate nela? Nem pensar! Essa tradição de qualidade nas profissões manuais é caudatária das corporações medievais. Mas sobrevive hoje, em maior ou menor grau, em todo mundo do trabalho. O cirurgião quer fazer uma sutura perfeita. Para o advogado, há uma beleza indescritível em uma petição bem lavrada, que o cliente jamais notará. Quantas dezenas de vezes tive de retrabalhar os parágrafos deste ensaio?

Tudo funciona melhor em uma sociedade em que domina o profissionalismo de sua força de trabalho. Mas isso só acontecerá como resultado de muito esforço em lapidar os profissionais. Isso leva tempo e custa dinheiro. É preciso uma combinação harmônica entre aprender o gesto profissional, desenvolver a inteligência que o orienta e o processo quase litúrgico de transmissão dos valores do ofício.

Em tempo: amadores não formam profissionais.


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FONTE: Revista Veja em 01/06/2011

domingo, 11 de setembro de 2011

VIVA A LIBERDADE!

Por Belcorígenes de S. S. Jr.

Nos dias de hoje, os representantes do relativismo moral costumam patrulhar e rotular aqueles que possuem alguma espécie de convicção e valores pessoais como sendo intolerantes e arrogantes. Ora nada mais impróprio.

Intolerante e arrogante é quem, em nome de uma agenda pseudo-libertária, pretende desconsiderar e sacrificar (destruir) as sólidas conquistas ocidentais referentes à liberdade filosófica, ideológica, moral e teológica. Estes “arautos da ditadura do silêncio” esquecem (ou fingem esquecer) que liberdade significa a oportunidade de convergir e/ou divergir.

Assim, só nos resta dizer: abaixo o aplanamento intelectual. VIVA A RESPEITOSA DIVERGÊNCIA, viva a pluralidade intelectual (SALVE, SALVE a Constituição Federal Brasileira: salve a liberdade de expressão, salve a liberdade de pensamento, salve a liberdade ideológica, salve a liberdade religiosa...).

VIVA A PLENA LIBERDADE.


...

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A CHAVE DO JURISTA

Prof. Goffredo Telles Junior


Preciosa ciência é a ciência dessa disciplina! Preciosa ciência é a Ciência do Direito!

O conhecimento científico da disciplina jurídica da convivência é luz não somente para o exercício das profissões na área do Direito - para os advogados, os juízes, os promotores públicos, os delegados de polícia mas, também, para o exercício de profissões em muitas outras áreas de trabalho. Por exemplo, ela é luz para o bacharel que for comerciante, industrial, agricultor, banqueiro, médico de família, psiquiatra, engenheiro arquiteto, urbanista, ambientalista.

A Ciência jurídica da Disciplina da Convivência é luz para o comportamento nas ocorrências graves do dia-a-dia. É luz para o relacionamento de marido e mulher, de pais e filhos, de companheiros e companheiras. É luz para transações, para tomadas de compromisso, para a honra da palavra dada. É luz para as decisões cardeais; para a adoção de um ofício ou meio de vida, e para as correções de rumo. É luz para o relacionamento com patrões, com empregados; para o trato com chefes, e dos chefes com seus secretários e demais subordinados. É luz para vinculações com sócios, com parceiros, com condôminos, com vizinhos. É luz para as opções finais, diante das grandes alternativas, e para a escolha do caminho nas encruzilhadas da existência. Até pode ser precioso para os roteiros de romancistas e poetas. E, certamente, é clarão norteador utilíssimo para políticos, economistas, sociólogos, jornalistas.

Quem fizer, com seriedade, o curso de uma Faculdade de Direito, e obtiver o conhecimento científico da Disciplina da Convivência, está pronto para a vida. Está superiormente formado para enfrentar as exigências do quotidiano.

O diplomado em Curso de Direito sabe o que é permitido e o que é proibido pelas leis. Possui, pois, o conhecimento básico de como se deve conduzir nos encontros e desencontros, nos acertos e desacertos, de que é feita a trama da comunidade humana.

Ao completar o Curso de Direito, o estudante se promove a bacharel na Ciência de Conviver. Seu diploma é uma CHAVE, a primeira CHAVE para as portas do mundo. É o título valiosíssimo de quem estudou as formas legais e ilegais dos relacionamentos humanos, e se informou sobre os caminhos e descaminhos do comportamento.

Por força desta mesma razão, abre chaga no seio da sociedade, o bacharel corrupto. Seja advogado, seja juiz, promotor de justiça, delegado de polícia, o bacharel corrupto é uma triste figura. É traidor de seu diploma e da categoria profissional a que pertence. É traidor da ordem instituída – dessa ordem de que ele é construtor, esteio e intérprete. O bacharel corrupto é traidor da Disciplina da Convivência, da qual ele é natural sentinela e guardião.

O PRIMEIRO MANDAMENTO

Poderá, talvez, algum cético, algum espírito desencantado com a moral da vida, pensar que nada disto é verdade. Que fundamento, que razões asseguram a validade autêntica de uma qualquer ordenação positiva, de um qualquer sistema legislativo? Onde está - indagará o descrente -, onde se encontra, nessa instável e movediça disciplina, a rocha viva, a garantia de um princípio excelso e perene, que seja mais alto, mais seguro do que as oscilantes e efêmeras leis, de que são feitas as estruturas jurídicas, existentes sobre a Terra?

Uma estória antiga nos conta que um moço aflito deparou Jesus numa vereda, e, trêmulo, perguntou:
- Mestre, que devo fazer para merecer o Céu?
Jesus respondeu:
-AMA TEU PRÓXIMO COMO A TI MESMO.

Deixemos de lado, se quisermos, o caráter religioso dessa narrativa.
Fiquemos, apenas, com o que ela exprime.

No mandamento proferido, lobrigamos a resposta às indagações do cético. Nele descobrimos o ansiado princípio, o princípio "mais alto ", a máxima anterior à singela norma do respeito pelo próximo.

Esse luminoso mandamento - forma de um sentimento recôndito, muitas vezes nem bem consciente, mas natural e norteador no coração humano dos verdadeiros legisladores - é, certamente, a primordial razão-deser das ordenações sociais.

Ela não é jurídica, essa norma, pronunciada por Jesus. Mas ela manifesta uma condição preciosa de entendimento e harmonia. Nela está uma inicial inspiração, a recomendação basilar, da qual a inteligência infere de conjuntura em conjuntura, de degrau em degrau - todos os imperativos e todas as interpretações das disposições jurídicas. Com a consciência apoiada nesse PRIMEIRO MANDAMENTO é que os legisladores sinceros são misteriosamente conduzidos, na construção de seus edifícios normativos. É com ele na subconsciência que os juristas manejam a sua CHAVE, ao empregar a lógica do razoável, na interpretação das leis.

Quando os construtores e os intérpretes se apartam dele e o invertem, por erro ou por algum nefasto motivo, a Disciplina da Convivência perde seu alicerce, se desvirtua, se corrompe, passa a infelicitar a comunidade. É o que acontece, por exemplo, quando a disciplina legítima da convivência é substituída pelas ordens do arbítrio, dos autocratas e déspotas. É também o que acontece nas épocas de falsa democracia, em que o Governo esquece sua verdadeira missão de meio, a serviço das pessoas; administra a Nação com cegueira para as necessidades vitais da multidão - despegado das carências e precisões das pessoas, dos trabalhadores de todas as categorias -, e se volta, com desalmada prioridade, para interesses "globais", muitas vezes ilegítimos, de um Estado divorciado do Povo.

O amor pelo próximo é princípio subliminar da ordem. É o sentimento prirneiríssirno, o primeiríssimo elã da alma, dos que são levados a conviver numa comunidade. Mesmo quando obumbrado, não bem percebido ou expresso, ele é o cimento subjacente da união dos seres na sociedade. É o elo tácito da comunhão humana.

Em verdade, o amor constitui, no imo da consciência de legisladores e intérpretes, a matriz silenciosa, o submerso manancial, a inspiração geradora da Disciplina da Convivência. É a origem mais pura, mais profunda da legislação: a causa das suas causas.

É a fonte natural do Direito.

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Goffredo Telles Junior
Livro: Iniciação na Ciência do Direito
Ed. Saraiva
Cap.XXXVIII

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

É PRECISO


(Música do Ministério Vencedores por Cristo, gravada em 1986, na voz de Jorge Camargo).

Ah! eu preciso rever minha vida
Medir os meus passos
Estender os meus braços
Às pessoas sofridas.

Ah! eu preciso olhar para dentro
Ouvir bem atento
A voz doce e forte
Parceira e consorte
Na vida e na morte
Que fala em mim.

Ah! eu preciso ser manso e amigo
Ser rocha e abrigo
Pra quem quer comigo
Na vida viver.

Ah! eu preciso ter olhos abertos
Motivos bem certos
Prá nunca enganar
Esta gente esgotada
De tanto chorar.

Ah! eu preciso ter coragem de ser
Ter vida e poder
Ter amor pra atender
Esta gente perdida (sofrida)
Por quem Deus quis morrer.


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Disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=wlJ9lNE6uxw

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

NÃO TEMAS (Interpretada pelo Coral Kemuel & Jotta A.)




Gritos, rumores de guerra
Uma angústia sem fim
O que acontece com a terra?
A natureza caminha ao fim
O homem perde a razão
Ganância, violência, prostituição
O mal vence o bem, justiça não tem
Muitos distantes de Deus
O amor não existe mais
Filhos matam os pais
A frieza tomou conta do coração
O amor não existe mais
Filhos matam os pais
A frieza tomou conta do coração
Pra onde fugir? pra onde correr?
Quem irá nos socorrer?
Terá salvação para a geração
Onde estamos eu e você?
Não temas, eis que logo venho
Sou Jesus, aquele que morreu pra te salvar (2x)
Voltarei pra te buscar, esteja preparado! (4x)
Não temas, eis que logo venho
Sou Jesus, aquele que morreu pra te salvar (4x)
Eis que logo vem o meu Jesus
Anseio sua volta (volta... volta...)
Jesus


Disponível em:
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=6307499343323055422


quarta-feira, 6 de julho de 2011

A Lei do Caminhão de Lixo

(Autor desconhecido)


Um dia peguei um taxi para o aeroporto. Estávamos rodando na faixa certa, quando de repente um carro preto saiu de um estacionamento e cortou bruscamente o nosso caminho. O taxista pisou no freio, deslizou e escapou do outro carro por um triz!

O motorista do outro carro sacudiu a cabeça e começou a gritar para nós nervosamente. Mas o taxista apenas sorriu e acenou para o cara, fazendo um sinal de positivo. E ele o fez de maneira bastante amigável.Indignado lhe perguntei: 'Porque você fez isto? Este cara quase arruína o seu carro e nos manda para o hospital!'

Foi quando o motorista do taxi me ensinou o que eu agora chamo de "A Lei do Caminhão de Lixo."

Ele explicou que muitas pessoas são como caminhões de lixo. Andam por aí carregadas de lixo, cheias de frustrações, cheias de raiva, traumas e de desapontamento. À medida que suas pilhas de lixo crescem, elas precisam de um lugar para descarregar, e às vezes descarregam sobre a gente.

Não tome isso pessoalmente. Isto não é problema seu! Apenas sorria, acene, deseje-lhes o bem, e vá em frente. Não pegue o lixo de tais pessoas e nem o espalhe sobre outras pessoas no trabalho, EM CASA,ou nas ruas. Fique tranquilo... respire E DEIXE O LIXEIRO PASSAR.

O princípio disso é que pessoas felizes não deixam os caminhões de lixo estragarem o seu dia. A vida é muito curta, não leve lixo. Limpe os sentimentos ruins, aborrecimentos do trabalho, picuinhas pessoais, ódio e frustações. Ame as pessoas que te tratam bem. E trate bem as que não o fazem.

A vida é dez por cento o que você faz dela e noventa por cento a maneira como você a recebe!

Tenha um bom dia, Livre de lixo!!!


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PS: enviado por email pelo meu amigo Jesser Medeiros.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

LA MARIONETA

Por Johnny Welch

(Reflexão sobre a "oração" de uma boneca de ventríloquo que desejava viver de verdade)


"...Se por um instante Deus esquecesse de que sou uma marionete de pano e me presenteasse com mais um pouco de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas definitivamente pensaria em tudo o que digo.

Daria valor às pequenas coisas, não pelo que valem, mas sim, pelo que significam...

Dormiria pouco, sonharia mais, entendendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz.

Andaria quando os demais se deteriam, despertaria quando os demais dormem.

Escutaria quando os demais falariam, e como iria saborear um delicioso sorvete de chocolate!

Se Deus me concedesse mais um pouco de vida, vestiria-me simplesmente.

Deitaria de bruços ao sol, deixando descoberto, não somente meu corpo, senão minha alma.

Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu horror ao frio, e esperaria que saísse o sol.

Pintaria como em um sonho de Van Gogh, sobre as estrelas, um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat.

Seria a serenata que ofereceria à lua.

Regaria com minhas lágrimas as rosas, para sentir a dor de seus espinhos, e o beijo vermelho de suas pétalas.

Deus meu, se eu tivesse um pouco mais de vida...

Não deixaria passar um só dia sem dizer a toda gente, que as quero muito.

Viveria apaixonado pelo amor.

Aos homens, provaria o quanto estão equivocados ao pensar que deixam de apaixonar-se quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de apaixonar-se.

A uma criança, daria asas, mas deixaria que ela sozinha aprendesse a voar.

Aos idosos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas sim, com o esquecimento.

Tantas coisas aprendi com vocês homens...

Aprendi que quando um recém-nascido aperta com seu pequeno punho, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem conquistado para sempre.

Aprendi que um homem somente tem direito de olhar outro de cima para baixo, quando for ajudá-lo a levantar-se.

Sempre diga o que sentes e faça o que pensas.

Se soubesse que hoje seria a última vez que te veria dormir, te abraçaria fortemente e rezaria ao Senhor para poder ser o guardião de tua alma.

Se soubesse que esta seria a última vez que te veria sair pela porta, te daria um abraço, um beijo e te chamaria novamente para dar-te mais.

Se soubesse que esta foi a última vez que escutaria tua voz, gravaria cada uma de tuas palavras para poder ouvi-las uma à uma outra vez, indefinidamente.

Se soubesse que estes são os últimos minutos que te veria, diria...”te quero” e assumiria completamente o que já sabes.

Sempre há um amanhã e a vida nos dá mais uma oportunidade para fazermos as coisas bem; mas se não me engano, hoje é tudo que nos resta, então gostaria de dizer-te o quanto te quero e que nunca te esquecerei.

O amanhã é incerto.

Velho ou jovem, ninguém tem certeza se o viverá.

Hoje pode ser a última vez que você verá as pessoas que ama.

Por isso não espere mais para demonstrar amor.

Faça-o hoje, já que o amanhã nunca chega.

Com certeza lamentarás o dia que não tomastes tempo para um sorriso, um abraço, um beijo e que estivestes muito ocupado para conceder à quem amas, um último desejo.

Mantém a todos que amas perto de ti.

Diga-lhes ao ouvido, o quanto precisa deles, o quanto os quer e trate-os bem.

Tome tempo para dizer-lhes “sinto muito”, “perdoe-me”, “obrigado”, e todas as palavras de amor que você conhece.

Ninguém lembrará de você, por seus pensamentos secretos.

Pede ao Senhor a força e a sabedoria para expressá-los.

Demonstra a teus amigos quanto você se importa com eles".



http://www.youtube.com/watch?v=M2xT1kdSpmU&feature=youtu.be




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terça-feira, 21 de junho de 2011

DEUS NEGRO

Por Neimar de Barros.


Eu, detestando pretos,
Eu, sem coração!...
Eu, perdido num coreto,
Gritando: "Separação"!

Eu, você, nós... nós todos,
Cheios de preconceitos
(...)com petulância, arrogância,
Afastando a pele irmã.

Mas, Estou pensando agora:
E quando chegar minha hora?
Meu Deus, se eu morresse amanhã, de manhã!
Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,

Se eu chegasse lá...
Meu Deus!
Agora me assusta pronunciar seu nome!
Deus não está vestido de ouro! Mas como???
Está num simples trono:
Simples como não fui, humilde como não sou.

Deus decepção!
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
Sem aquela imponente classe.

Deus simples! Deus negro!
Deus negro!?

E Eu...
Racista, egoísta. E agora?

Meu Deus você é negro, que desilusão!
Será que vai me dar uma morada?
Será que vai apertar minha mão?

Deus, pregaram você na cruz
E você me pregou uma peça:
Eu me esforcei à beça em tantas coisas,
E cheguei até a pensar em amor,

Mas nunca,
nunca pensei em adivinhar sua cor!...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

NINGUÉM ME ENCONTRARÁ ENTRE OS FRACOS




Banda: Fruto Sagrado
Composição : Marcão


Nem sempre vão querer te aplaudir
Nem sempre vão achar você tão popular
Na verdade, muita gente vai te odiar
Vão tentar te roubar, matar e destruir
A luz incomoda muito a escuridão
Os lobos vão tentar sempre te enganar
Mas quem te enviou é muito maior
Ninguém terá poder pra te derrotar

Você foi escolhido, não escolheu,
Pra dar frutos que sejam eternos
Há muito campo para semear
Pouco tempo pra fazer tudo acontecer
Sua missão não será pequena
Sua luta será contra todo mal
Longe da mediocridade
Sem visões humildes do poder de Deus!

Bem aventurado o que resistir até o fim!

Nunca balançar, nunca recuar,
Nunca hesitar na cara do inimigo!
A vida não se tornará um mar de rosas,
Mas a vitória é certa, a vitória é nossa.
Permaneçam em firmes Jesus! Firmes na fé!

Ninguém me encontrará entre os fracos!

Bem aventurado o que resistir até o fim!

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VÍDEO DISPONÍVEL EM:

http://www.youtube.com/watch?v=Ld8HnMiLpEU&feature=related

terça-feira, 14 de junho de 2011

SUPERMAN

MÚSICA: Fruto Sagrado
Composição : Bene, Marcão, Sylas e Alexandre Carvalho

http://www.youtube.com/watch?v=0yvqIXfh9O4



Nessas horas que eu me lembro
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando que eu não sou o super-homem
Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco
Vou fazer o quê? Não vou esconder meu choro
Às vezes é mais fácil fingir, eu sei
Fazer de conta que tá tudo bem que tá tudo zen
Disfarçar que não tem nada dando errado
Mas eu não sou o superman

Se não fosse por Você (DEUS)eu jogava a toalha
Tenho visto tanta coisa errada nesta estrada
Muito falso herói se achando o tal
Iludido com aplausos, elogios... com o pedestal
Até eu já vacilei, dei bobeira, viajei
Esqueci que levo tombo como qualquer um
Esqueci que levo tombo, esqueci que sou normal
Alguém aqui é normal?

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você (DEUS) eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman

Eu vou insistir em Te acompanhar
Haja o que houver, acredite quem quiser
Mesmo tropeçando eu tô aprendendo
Tô descobrindo que pra tudo existe um tempo
Por isso eu tô na luta, tô sobrevivendo
São nessas horas que eu me lembro
Que às vezes eu machuco, às vezes me machuco
Explodindo por fora, explodindo por dentro
Mas eu tô aprendendo, tô aprendendo

Agora eu tô sabendo
Que o sofrimento é um megafone
É Deus pra mim gritando que eu não sou super-homem
Que eu sou de carne e osso que eu vou passar sufoco
Agora eu não esquento não vou esconder meu choro
Afinal eu sou um cara comum
Que também leva tombo como qualquer um
Que tropeça, levanta mas não sai da dança
Tropeça, levanta e não sai da dança

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo...

Às vezes é mais fácil
Fazer de conta que tá tudo bem
Mas você sabe que eu não sou o superman

Eu sou diferente, igual a todo mundo
Sem Você eu não sou ninguém
Eu sou igual a todo mundo
Não existe superman


sexta-feira, 20 de maio de 2011

LIBERDADE SEMPRE, E AGORA

Com relação à atual luta que se trava pela manutenção da liberdade religiosa e da liberdade de expressão no nosso país, posso dizer que existem pessoas que para preservarem a própria vida (ou conveniências), estão dispostas a abrir mão da liberdade. Mas também existem outras que para preservarem a sua liberdade são capazes de perder a própria vida.

No primeiro caso se encontram representados os omissos, os conformistas e os covardes. Alguns desta estirpe gostam de se autonomear como “sensatos”, o que é apenas um eufemismo para “oportunistas”. Estes geralmente têm vida longa, em proporção inversa do legado que “não” deixam. Um exemplo bem típico aqui na Bahia é o de um antigo e poderoso "cacique" da política, falecido recentemente.

O segundo caso contempla a conduta típica dos corajosos, dos revolucionários e dos que amam a justiça (divina inclusive). Geralmente são descritos pelos outros como sonhadores e imprudentes, não obstante a história sempre lhes reservar um indelével papel sobre o epíteto de “libertadores” (do corpo, da alma ou do espírito). Também aqui na Bahia um lapidar exemplo: CASTRO ALVES.

No Brasil de hoje, o primeiro grupo representa a perpetuação do atraso e da aniquilação dos valores éticos mais elevados, enquanto se consagra, em verdade, apenas a o vírus da leniência moral. É a turma da “Maria vai com as outras”, sempre em busca de uma “boquinha” para se “ajeitar” e ficar “de bem” com os poderosos. Hoje estão muito bem retratados pelos arautos da Nova Era Internacional (New Wold Order) a ditar regras anti-religiosas, e a querer “calar” (no grito e/ou na força de um Estado vendido) os milenares valores democráticos e cristãos que formam o cabedal axiológico ocidental, desde sempre.

No outro grupo viceja uma minoria guerreira e inconformada com os ataques autoritários aos valores culturais e democráticos do povo e da nação. São homens e mulheres movidos por um ideal de liberdade e pela coragem de permanecerem fiéis às suas consciências. Não se melindram com as severas ameaças de mordaças e prisões daqueles que usam sem pudor, o aparato político e/ou jurídico (que deveria ser democrático e neutro) para privilegiar e/ou prejudicar ideologias políticas e religiosas.

Quem é cristão, e crê na Bíblia como regra de valor e fé, hoje em dia no Brasil é quase visto como um proscrito, uma “ameaça”, tão só por se manterem fiéis à sua identidade ideológica e afirmar os seus valores religiosos e culturais íntimos. Tal discriminação é um atentado à ordem constitucional, em qualquer Estado de Direito que se respeite. Isto abre um perigoso precedente com relação às outras religiões também.

Fica aqui o alerta. Já assistimos antes a esta história de tentar “calar cristãos,” e o final nunca é feliz.

Belcorígenes de S. Sampaio Júnior.
(Prof. de Teoria do Direito e Direito Constitucional).

20 de maio de 2011

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VIDE: http://www.olavodecarvalho.org/semana/mamar.htm

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sábado, 9 de abril de 2011

PALESTRAS EM ABRIL




CONFERÊNCIA CRISTÃ 2011: TODOS EM DEFESA DA VIDA E DA FAMÍLIA
Brasília - DF.
Câmara dos Deputados. Auditório Nereu Ramos
Dias 20 e 21 de abril de 2011

&

IX SEMINÁRIO GRANDES QUESTÕES
Porto Seguro - Ba.
Hotel vela Branca
Dias 15 e 16 de abril de 2001

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Curso intensivo para gostosão intelectual

Por Olavo de Carvalho

INVENTE DUAS CRENÇAS OPOSTAS TOTALMENTE IMAGINÁRIAS, ATRIBUA-AS A DOIS INDIVÍDUOS QUAISQUER E DECLARE-SE SUPERIOR A AMBAS. NÃO É PRECISO EXPLICÁ-LAS.


Alguns leitores ficaram decepcionados com o meu artigo do dia 24 de março (http://www.olavodecarvalho.org/semana/110324dc.html): acharam muito difíceis e trabalhosas as quatro receitas que lhes dei para tornar-se gostosões intelectuais. Sentem-se como se eu tivesse frustrado o sonho de suas vidas.

Escrevem-me cartas indignadas, exigem saber se existe uma técnica, uma via mais simples e rápida, que possam percorrer em alguns segundos, de preferência sem levantar da poltrona, livres de cumprir aquelas exigências oprimentes que os quatro clubes de gostosões impõem a seus noviços para admiti-los, mediante duras provas, no círculo dos eleitos.

Pois bem, alegrem-se, irmãos. A coisa existe. Não só existe como é de domínio público, sem ônus ou taxas de qualquer natureza. Milhões de brasileiros têm desfrutado de seus benefícios, especialmente desde a década de 60, quando o hábito de pensar no assunto antes de falar veio sendo substituído, com vantagem, pela expressão imediata de preferências e repugnâncias, tão natural, tão espontânea quanto uma inocente flatulência.

Prestem atenção. Não requer prática nem habilidade. Em dois minutos vocês aprenderão a técnica e poderão usá-la – se é que já não a vêm usando sem sabê-lo – com resultados infalíveis.

A fórmula é a seguinte: invente duas crenças opostas totalmente imaginárias e igualmente bocós, atribua-as a dois indivíduos quaisquer (que provavelmente jamais ouviram falar delas) e declare-se superior a ambas. Não é preciso explicá-las, nem discuti-las, nem provar que seus indigitados porta-vozes têm mesmo algo a ver com elas. Apenas dê um nome a cada uma e afirme, peremptoriamente, que são duas bobagens antagônicas, que você não cai num engodo nem no outro, que está acima de correntes de opinião, ideologias, estereótipos, o escambau.

A proclamação simples e direta de superioridade, desacompanhada dessa moldura de antagonismos, pode soar presunçosa e dar efeito negativo. Espremida entre duas alternativas abomináveis (pouco importa que perfeitamente inexistentes), adquire uma nobreza, uma elevação, um ar de insight dialético que é uma coisa de louco, maninho.
Experimente e observe a reação da plateia, todos se olhando uns aos outros e confessando: "Como foi que não pensamos nisso antes? Que coisa mais genial! Nós, aqui, atormentados num dilema insolúvel, e então vem esse iluminado e nos liberta das falsas alternativas!"

Pode crer, a coisa funciona mesmo. Posso testemunhar isso com total isenção precisamente porque, em vez de praticar a técnica, fui citado muitas vezes num dos pares de antagonismos e assim dei, malgré moi, substanciais contribuições à glória das superações baratas.

Só para dar aqui alguns exemplos entre milhares:
Anos atrás, Caetano Veloso me opunha ao filósofo marxista Slavoj Zizek e nos superava num instante fazendo de nós os representantes padronizados de duas formas extremas de anti-individualismo: anti-individualismo de esquerda, anti-individualismo de direita.

Pouco lhe importava que, pelo menos da minha parte, eu jamais tivesse dito uma única palavra contra ou a favor do individualismo, muito menos em simetria oposta com qualquer ideia do professor Zizek, que só vim a conhecer anos depois e onde nada enxerguei que tivesse com as minhas próprias o mínimo de afinidade, sem o qual toda oposição é impossível.

Decorridos alguns anos, fui, ao contrário e com idêntica surpresa, nomeado individualista devoto pelo professor Alexandre Duguin, que se definia como anti-individualista professo, o que produziu, no Twitter, no Orkut, no Facebook e em outras assembleias de sábios, uma profusão de superações dialéticas tão brilhantes e arrasadoras quanto a do pensador baiano.

Dias atrás, um tal de Hermes Fernandes, pastor protestante, emudecido de raiva ante críticas que eu lhe fizera por conta do tratamento abjeto que dera a seu colega Júlio Severo, resolveu me pegar por outro lado e, não sabendo o que dizer, apelou ao recurso de praxe: opôs simetricamente Karl Marx a Olavo de Carvalho como defensores da lealdade absoluta, o primeiro ao Estado, o segundo ao Capital, e, proclamando lealdade exclusiva a Nosso Senhor Jesus Cristo, demonstrou-se instantaneamente superior a ambos, ad majorem Dei gloriam.

Fiquei aqui meditando, cabisbaixo, sobre que raio de coisa poderia ser "lealdade ao Capital". Você pode ser leal a um partido, a uma igreja, a uma família, a uma pessoa, a uma ideia, mas como "ser leal" a uma quantidade abstrata que só existe para ser posta em risco? "Ser leal ao Capital" é uma expressão tão sensata quanto "votar num sorvete" ou "ler um pastel".

Já a lealdade ao Estado é possível, mas está fora do universo de Karl Marx, que só via no Estado (erroneamente) o instrumento da sua própria destruição.
Direi que eu e Karl Marx entramos no triunfo dialético do pastor como Pilatos no Credo? Nem isso, porque Pilatos ao menos estava no local dos acontecimentos, e nós nunca estivemos onde o pastor nos colocou.

Pouco importa: a modalidade de superação dialética que se tornou endêmica no Brasil adquire sua força, precisamente, do fato de nunca ter nada a ver com o assunto.

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Olavo de Carvalho é ensaísta, jornalista e professor de Filosofia

Fonte: Diário do Comércio

Divulgação: www.juliosevero.com

Mais informações sobre Hermes Fernandes:

De “cristão revoltado” a homossexual defensor da pedofilia

Bolsonaro e o fuzilamento da direita

Autor(es): Guilherme Fiuza
Época - 04/04/2011


No Brasil de hoje, como se sabe, ninguém é de direita. Ou melhor: a direita existe, mas é uma espécie de sujeito oculto, que só aparece para justificar os heroicos discursos da esquerda – eterna vítima dela. Lula governou oito anos, promoveu seus companheiros aos mais altos cargos e salários estatais, fez sua sucessora, e a esquerda continua oprimida pela elite burguesa. É de dar pena. Nessa doce ditadura dos coitados, é preciso cuidado com o que se fala. Os coitados são muito suscetíveis. Foi assim que o deputado federal Jair Bolsonaro foi parar no paredão.

Capitão do Exército, Bolsonaro é filiado ao Partido Progressista, mas é uma espécie de reacionário assumido. Defende abertamente as bandeiras da direita – que, como dito acima, não existem mais. Portanto, Bolsonaro não existe. Mas fala – e esse é seu grande crime. Depois da polêmica entrevista do deputado ao CQC, da TV Bandeirantes, o líder do programa, Marcelo Tas, recebeu e-mails de telespectadores revoltados. Parte deles protestava contra o próprio Tas, por ter dado voz a Jair Bolsonaro. Na Constituição dos politicamente corretos – assim como nas militares –, liberdade de expressão tem limite.

A grande barbaridade dita por Bolsonaro no CQC, em resposta à cantora Preta Gil, foi que um filho seu não se casaria com uma negra, por não ser promíscuo. Uma declaração tão absurda que o próprio Marcelo Tas cogitou, em seguida, que o deputado não tivesse entendido a pergunta. Foi exatamente o que Bolsonaro afirmou no dia seguinte. Estava falando sobre homossexualismo, e não percebeu que a questão era sobre racismo: “A resposta não bate com a pergunta”, disse o deputado.

Se Jair Bolsonaro é ou não é racista, não é essa polêmica que vai esclarecer. No CQC, pelo menos, ele não disparou deliberadamente contra os negros. Estava falando de promiscuidade, porque seu alvo era o homossexualismo. O conceito do deputado sobre os gays é, como a maioria de seus conceitos, reacionário. A pergunta é: por que ele não tem o direito de expressá-lo?

Bolsonaro nem sequer pregou a intolerância aos gays. Disse inclusive que eles são respeitados nas Forças Armadas. O que fez foi relacionar o homossexualismo aos “maus costumes”, dizendo que filhos com “boa educação” não se tornam gays. É um ponto de vista preconceituoso, além de tacanho, mas é o que ele pensa. Seria saudável que os gays, com seu humor crítico e habitualmente ferino, fossem proibidos de fustigar a truculência dos militares?

A entrevista também passou pelo tema das cotas raciais. Jair Bolsonaro declarou o seguinte: “Eu não entraria num avião pilotado por um cotista. Nem aceitaria ser operado por um médico cotista”.
O conceito do deputado sobre os gays é reacionário. Mas por que ele não tem o direito de expressá-lo?

É a resposta de um reacionário, um dinossauro da direita, proscrito pelas modernas ideologias progressistas e abominado por sua lealdade ao regime militar. Mas é uma boa resposta. E agora?

Agora o Brasil bonzinho vai fazer o de sempre: passar ao largo do debate e choramingar contra a direita. Eis um caminho de risco zero. Processar Bolsonaro, o vilão de plantão, é vida fácil para os burocratas do humanismo. No reinado do filho do Brasil, até o nosso Delúbio, com a boca na botija do mensalão, gritou que aquilo era uma conspiração da direita contra o governo popular. O filão é inesgotável.

Cutucar o conservadorismo destrambelhado de Bolsonaro é atração garantida. Mas censurá-lo em seguida não fica bem. Parece até coisa dos antepassados políticos dele. A metralhadora giratória do capitão dispara absurdos, mas não está calibrada para fazer média com as minorias – e isso é raro hoje em dia.

De mais a mais, se manifestantes negros podem tentar barrar um bloco carnavalesco que homenageia Monteiro Lobato, por que um deputado de direita não pode ser contra o orgulho gay e as cotas raciais? Vai ver o preconceito também virou monopólio da esquerda.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

A religião verdadeiramente perseguida no mundo hoje é o cristianismo! Ou: de corajosos e covardes

Por Reinaldo Azevedo

Os nazistas capturavam vilarejos na Segunda Guerra e transformavam os civis em reféns. A cada soldado alemão morto no conflito, podiam executar, sei lá, cem civis. Mas nem eles matavam pessoas sob o pretexto de que o Mein Kampf tinha sido vilipendiado… É claro que estou fazendo uma ironia macabra! É para ver se certos cérebros ligam nem que seja no tranco! É inacreditável— ou melhor: é acreditável, mas é espantoso! — que delinqüentes intelectuais no Ocidente responsabilizem dois pastores imbecis, que queimaram um exemplar do Corão no EUA, pelos atentados terroristas no Afeganistão!

Com raras exceções, a imprensa ocidental teve a moralidade seqüestrada pela lógica do terrorismo islâmico. É um troço escandaloso! Durante a “revolução egípcia”, a chamada “Primavera Árabe”, que leva Arnaldo Jabor ao delírio, igrejas foram queimadas, cristãos foram assassinados pelo simples fato de… serem cristãos!, casas foram invadidas. Procurem saber o que a imprensa noticiou a respeito. Quase nada!

Atenção! Há, sim, uma religião perseguida no mundo hoje. É o cristianismo! A quase totalidade de mortes em razão de perseguição religiosa se dá contra cristãos: na Nigéria, no Sudão, na Indonésia, em quase todos os países árabes, sejam eles aliados do Ocidente ou não. Há quase dois milhões de filipinos católicos trabalhando na Arábia Saudita, fazendo o serviço que os nativos se negam a fazer. Estão proibidos de cultuar sua religião. A transgressão é considerada um crime grave. Na Nigéria, no Sudão ou na Indonésia, não se queimam exemplares da Bíblia, não; queimam-se pessoas mesmo!

Ninguém dá a menor pelota porque, afinal, o cristianismo é considerado uma religião ocidental — o que, diga-se, chega a ser uma outra burrice histórica; está fora das “vítimas influentes”. Até a minoria Bahá-í, no Irã, tem mais prestígio. Quando digo “até”, não é para subestimar ninguém. A questão não é qualitativa, mas quantitativa. São milhões os cristãos submetidos ao regime de terror, sem que isso comova os “defensores da humanidade”. Parece que o cristianismo não merece nem o olhar caridoso nem o militante.

Não obstante, em nome da “tolerância” religiosa, os nossos “pensadores” eximem de seus próprios crimes os facínoras afegãos que saem degolando a primeira coisa que se mova — desde que estrangeira — para protestar contra a “violação” de seu livro sagrado.

A que se deve isso? Por incrível que pareça, a esquerda antiamericana, antiocidental, vê no islamismo uma espécie de aliado, ainda que regimes fundamentalistas, ainda que os comunas sejam os primeiros a ir para a forca quando os regimes fundamentalistas se instalam. Os esquerdistas ainda não perceberam que só a democracia ocidental, que eles adoram odiar, garante-lhes a devida segurança para que possam tentar destruir a… democracia ocidental.

De resto, detesto gente covarde! E covardes protestam contra a queima de exemplares do Corão nos Estados Unidos. Os realmente corajosos vão protestar contra a queima de Bíblias em Cabul!!!


Fonte: Reinaldo Azevedo

domingo, 27 de março de 2011

O APARENTE PARADOXO CRISTÃO DO LADRÃO REDIMIDO E DO RELIGIOSO CONDENADO.

Por Belcorígenes de Souza Sampaio Júnior.


A Bíblia Sagrada nos narra a história de dois personagens intrigantes e que tiveram o roteiro das suas vidas redefinidos a partir de um contato pessoal com o Senhor Jesus Cristo. Referimos-nos ao chamado jovem rico e ao ladrão na cruz. Tais encontros se deram em circunstancias e momentos diferentes da trajetória terrena do Salvador e o que nos chama atenção nestes casos foi o critério que o Senhor da Vida usou para proferir juízo sobre a destinação eterna de ambos. Ao “condenar” o religioso jovem rico, habitual praticante de boas obras, ao inferno e prometer o céu ao defenestrado e pobre ladrão, Jesus Cristo promoveu um giro copernicano na maneira como se deve dar, e efetuar, a nossa relação pessoal e individual com o sagrado.

O cenário religioso da época dos fatos aqui citados não era diferente de qualquer outro. De uma maneira geral, durante toda a história das diversas práticas religiosas, os seres humanos foram encorajados a acreditar que a salvação pessoal (iluminação, crescimento, espiritualização, etc) se encontra na realização contínua e sistematizada de uma série de liturgias e ritos religiosos (aspecto interno das religiões) e na prática de um catálogo de boas obras (aspecto externo das religiões). Jesus cristo, porém, ao se manifestar sobre a condição espiritual do religioso jovem rico e do ladrão na cruz, subverte este postulado e estabelece um parâmetro completamente novo para a relação com Deus. Jesus afirmou que o jovem religioso (praticante) estava perdido, e que o ladrão condenado à morte por seus crimes, estava salvo. Como aceitar e entender este novo, e aparentemente paradoxal, paradigma estabelecido pelo filho de Deus?

A resposta pode ser percebida através de uma análise sistemática da doutrina do Cristo Jesus. Para Ele a dinâmica do relacionamento verdadeiro dos seres humanos para com Deus passa necessariamente pela real dimensão da sinceridade dos sentimentos de humilde. É necessário reconhecer públicamente que somos continuamente pecadores e, portanto, não merecedores de quaisquer bônus ou benefício celestial. Assim, todo o bem que emana de Deus para conosco decorre da Sua infinita bondade e misericórdia, não existindo nenhum mérito pessoal nisto. Consequentemente, não é aprovado quem a si mesmo se aprova, caso do jovem rico e religioso. Só é aprovado pelo Senhor dos senhores quem imerecidamente é por Ele aprovado. Some-se a isto a necessidade de uma verdadeira e genuína entrega da vida ao Senhor, dispondo-se a abrir mão de tudo o que for necessário para isto.

O jovem religioso ancorava-se em outro postulado. Acreditava que seria redimido tão somente em razão do seu mérito pessoal, suas boas obras, sua práxis religiosa. Não é outro o relato bíblico no livro de Marcos 10, verso 17 em diante: “E, pondo-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom se não um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, não defraudarás ninguém, honra a teu pai e tua mãe. Então, ele respondeu: Mestre, TUDO ISSO TENHO OBSERVADO DESDE A MINHA JUVENTUDE”. Não obstante a resposta daquele homem ser verdadeira pois, de fato, cumpria as ordenanças bíblicas integralmente, Jesus o confronta afirmando que isto não era o suficiente para alcançar a vida eterna e lhe pede uma demonstração de obediência e desapego material, no que aquele homem capitula e sela seu destino eterno.

O ladrão crucificado agiu diferente. Conhecedor da sua miserável situação de pecador (comum a todos nós) humildemente se dirigiu ao Senhor Jesus em busca de salvação pessoal. Não destilou um rosário de justificações e nem enumerou eventuais boas obras e práticas religiosas (e nem as possuía). Tão somente dirigiu o seu olhar ao Mestre e, arrependido, se humilhou diante Dele. Cria que Dele emanaria graça e salvação. Não se considerava merecedor de nada, mas confiou tão somente no amor do Pai, manifestado em Cristo Jesus, ali mesmo naquela horripilante cruz que também, igualmente, feria o Salvador. Digno de nota também citar que aquele condenado não tentou salvar a sua própria vida terrena pedindo ao Salvador livramento da sua horrível morte, como o fizera o seu outro companheiro de infortúnio. Diante destes gestos de sincera e singela fé e submissão o Senhor Jesus não se mostrou indiferente e imediatamente o convidou a partilhar do seu reino eterno.

Aprendemos assim que, segundo o magistral critério espitual estabelecido por Jesus Cristo, se alguém se julga MERECEDOR de alguma recompensa celestial está espiritualmente equivocado e cego, e em razão deste desvio erra o caminho e, consequentemente, está perdido. Ao contrário, há lugar e recompensa eterna para todo e qualquer ser humano que humildemente se colocar diante do Salvador a clamar pela imerecida salvação que provém da Sua graça, bondade, perdão e amor. Neste sentido é significativo encerrar esta reflexão citando as palavras do próprio Senhor Jesus Cristo no evangelho de João, no capítulo 14: "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida, NINGUÉM VEM AO PAI SENÃO POR MIM".



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terça-feira, 15 de março de 2011

CONFERÊNCIA CRISTÃ



ESTAREMOS LÁ, SE DEUS QUISER, FALANDO SOBRE LIBERDADE RELIGIOSA, NO DIA 21 DE ABRIL.

sexta-feira, 11 de março de 2011

(...) FIEL À SUA CONSCIÊNCIA.

Por Augusto Cury


Jesus, certa vez, contou uma história que perturbou os seus ouvintes, quebrou para sempre alguns paradigmas religiosos. Ele disse que havia um certo fariseu que orava de maneira eloqüente. O conteúdo da sua oração revelava a sua integridade. Nela, ele dizia a Deus que jejuava, dava ofertas e fazia orações constantes. Na mesma história, ele contou que havia um pobre moribundo que mal conseguia falar com Deus. Ele olhava para o céu, batia no peito e pedia compaixão. Provavelmente, não dava ofertas para o templo, não orava com freqüência e não tinha um comportamento ético. Sentia-se um miserável diante de Deus.

Qual dessas duas orações foi aceita por Deus? Se houvesse uma enquête em que opinassem todos os religiosos do mundo, provavelmente o fariseu ganharia disparado. Entretanto, para o espanto dos ouvintes, Jesus disse que sua oração não foi ouvida, não atingiu o coração do Criador. Por quê? Porque ele orava de si para si mesmo. Enquanto orava, ele se exaltava. Não procurava Deus no secreto do seu ser. SEGUNDO JESUS, DEUS OLHA PARA ALGO QUE QUEM ESTÁ DE FORA NÃO ENXERGA: PARA A CONSCIÊNCIA, A REAL INTENÇÃO (grifo nosso).

O FARISEU ACHAVA-SE UM HOMEM GRANDE DIANTE DE DEUS POR CAUSA DA SUA ÉTICA MORAL E RELIGIOSA. MAS NÃO ANALISAVA SEUS ERROS, NÃO ENXERGAVA QUE O CORAÇÃO QUE PULSA, O AR QUE RESPIRA, A MENTE QUE PENSA, ERAM DÁDIVAS DIVINAS. AOS OLHOS DO MESTRE DOS MESTRES, DEUS SE IMPORTA COM A CONSCIÊNCIA (grifo nosso).

O MISERÁVEL QUE NÃO CONSEGUIU SEQUER PRODUZIR UMA ORAÇÃO LÓGICA E DIGNA TOCOU O CORAÇÃO DE DEUS. ELE NÃO CONSEGUIU FAZER UM GRANDE DISCURSO EM SUA ORAÇÃO, PORQUE TINHA CONSCIÊNCIA DA SUA PEQUENEZ, DA SUA FALIBILIDADE E DA GRANDEZA DE DEUS. O meu ponto aqui não é entrar nos assuntos que tangem à fé, mas mostrar um dos mais complexos treinamentos de Jesus. Ele treinou seus discípulos a serem fiéis à sua consciência.

QUEM DISFARÇA, DISSIMULA E TEATRALIZA SEUS COMPORTAMENTOS NÃO TEM PARTE COM ELE. NÃO É A QUANTIDADE DE ERROS QUE DETERMINA A GRANDEZA DE UM DISCÍPULO, MAS SUA CAPACIDADE DE RECONHECÊ-LOS. UMA PESSOA PODIA TER MIL DEFEITOS, MAS SE TIVESSE A CORAGEM DE ADMITI-LOS, ELA TERIA CAMINHO (grifo nosso). O mesmo princípio ocorre na psiquiatria e psicologia modernas. Não temos nada para fazer por uma pessoa que se esconde dentro de si mesma, a não ser que ela tenha uma psicose.

Vivemos em sociedades que amam os disfarces e as máscaras sociais. As pessoas sorriem, mesmo solapadas pela tristeza; mantêm a aparência, mesmo que falidas; para os de fora são éticos, para os membros da família são carrascos. O sistema político simplesmente não sobrevive sem máscaras, disfarces e mentiras. Certa vez, o mestre da vida criticou os líderes religiosos comparando-os a sepulcros caiados. Por fora, têm belas pinturas, por dentro estão apodrecidos. Foi uma comparação corajosa, mas sincera. Muitos fariseus mantinham um comportamento religioso ilibado, mas, às ocultas, odiavam a ponto de matar.

No sermão do monte, Jesus disse que não bastava não matar, era necessário não se irar. Ele queria dizer que podemos não matar fisicamente, mas matamos interiormente. Muitos matam emocionalmente seus colegas de trabalho, seus amigos e, às vezes, até as pessoas que mais amam, quando elas os decepcionam.

JESUS ACEITAVA TODOS OS DEFEITOS DOS SEUS DISCÍPULOS, MAS NÃO ADMITIA QUE ELES NÃO FOSSEM TRANSPARENTES (grifo nosso). O único que não aprendeu essa lição foi Judas. Jesus ensinou-os a ser verdadeiros em toda e qualquer situação. Deu-lhes contínuos exemplos. Ele falava abertamente o que pensava. Sabia que poderia ser preso ou morto a qualquer momento, mas não se calava.

Em alguns momentos, o clima tenso dava arrepios. Mas o mestre dos mestres era intrépido, não calava a sua voz. Todavia, seu falar não era agressivo. Ele expunha com tranqüilidade e segurança suas idéias. Queria conquistar e não destruir as pessoas. Atualmente, alguns dizem que são honestos que sempre falam o que pensam. Mas, no fundo, são descontrolados, pois são agressivos, impulsivos, impõem o que pensam. Ao invés de conquistar as pessoas, eles as perdem. Jesus exalava serenidade. Embora fosse verdadeiro, em algumas situações optava pelo silêncio. Somente num segundo momento, falava.

Nas sociedades modernas as pessoas falam muito sobre o mundo exterior, mas se calam sobre os seus mais íntimos pensamentos. Muitos alunos têm medo de questionar seus professores. Muitos ouvintes têm receio de questionar seus líderes religiosos. Muitos funcionários têm medo de propor novas idéias aos executivos da sua empresa. Muitos novos cientistas têm receio de se confrontar com seus chefes de departamentos. São massacrados pelo sistema. Vivem represados. Mentes brilhantes são sufocadas, perpetuando conflitos que raramente serão reeditados.

NÃO PODEMOS SER CONTROLADOS PELO QUE OS OUTROS PENSAM E FALAM DE NÓS. SER GENTIL, SIM, MAS SE ESCONDER, NUNCA. O HOMEM QUE É INFIEL À SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA JAMAIS QUITA A DÍVIDA CONSIGO MESMO (grifo nosso).

Os discípulos de Jesus tinham liberdade de falar com ele e expressar suas dúvidas. Eles foram treinados a ser fiéis à sua consciência e a ser simples como as pombas e prudentes como as serpentes. DEVERIAM SABER O QUE FALAR E COMO FALAR, MAS NÃO SE CALAR, NEM DIANTE DE REIS (grifo nosso). Deveriam aprender a falar com segurança e sensibilidade, com ousadia e sabedoria. DE NADA ADIANTARIA SE ELES CONQUISTASSEM O MUNDO, MAS NÃO CONQUISTASSEM A SUA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA (grifo nosso).


FONTE: Cury, Augusto. O Mestre Inesquecível. São Paulo: Academia de Inteligência, 2003. P. 126 a 129.

RESPOSTA CERTA

Grupo: Vencedores Por Cristo
Composição: Sérgio Pimenta



O CORAÇÃO DO HOMEM

PODE FAZER PLANOS

ANALISAR AS CONDIÇÕES DO MUNDO

E OS RUMOS DESTA VIDA

MAS A RESPOSTA CERTA

SEMPRE SERÁ

SEMPRE VIRÁ

TÃO SOMENTE DE DEUS

quinta-feira, 10 de março de 2011

Salmos 86

[Oração de Davi]



Inclina, SENHOR, os teus ouvidos, e ouve-me, porque estou necessitado e aflito.

Guarda a minha alma, pois sou santo: ó Deus meu, salva o teu servo, que em ti confia.

Tem misericórdia de mim, ó Senhor, pois a ti clamo todo o dia.

Alegra a alma do teu servo, pois a ti, Senhor, levanto a minha alma.

Pois tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para todos os que te invocam.

Dá ouvidos, SENHOR, à minha oração e atende à voz das minhas súplicas.

No dia da minha angústia clamo a ti, porquanto me respondes.

Entre os deuses não há semelhante a ti, Senhor, nem há obras como as tuas.

Todas as nações que fizeste virão e se prostrarão perante a tua face, Senhor, e glorificarão o teu nome.

Porque tu és grande e fazes maravilhas; só tu és Deus.

Ensina-me, SENHOR, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome.

Louvar-te-ei, Senhor Deus meu, com todo o meu coração, e glorificarei o teu nome para sempre.

Pois grande é a tua misericórdia para comigo; e livraste a minha alma do inferno mais profunda.

O Deus, os soberbos se levantaram contra mim, e as assembléias dos tiranos procuraram a minha alma, e não te puseram perante os seus olhos.

Porém tu, Senhor, és um Deus cheio de compaixão, e piedoso, sofredor, e grande em benignidade e em verdade.

Volta-te para mim, e tem misericórdia de mim; dá a tua fortaleza ao teu servo, e salva ao filho da tua serva.

Mostra-me um sinal para bem, para que o vejam aqueles que me odeiam, e se confundam; porque tu, SENHOR, me ajudaste e me consolaste.

sexta-feira, 4 de março de 2011

sábado, 26 de fevereiro de 2011

REEDITANDO O FILME DO INCONSCIENTE

Por Augusto Cury


(...) A personalidade dos discípulos evidencia o desafio que Jesus enfrentaria. O único que se encaixava num padrão aceitável de comportamento era Judas, o que o vendeu e o traiu. Não havia modelos. Parece que Jesus errou drasticamente em sua escolha. Ele tinha de revolucionar a personalidade deles para que eles revolucionassem o mundo.

Seria a maior revolução de todos os tempos. Mas essa revolução não poderia ser feita com o uso de armas, força, chantagem, pressões, mas com perdão, inclusão, mansidão, tolerância. Seus discípulos não conheciam essa linguagem. Parecia loucura o projeto de Jesus. Era quase impossível atuar nos bastidores da mente dos discípulos e transformar as matrizes conscientes e inconscientes da memória e tecer novas características de personalidade neles.

Quando alguém nos ofende ou contraria, detona-se o gatilho da memória que em milésimos de segundos abre algumas janelas do inconsciente: as janelas da agressividade, do ódio, do medo. A área do tamanho da cabeça de um alfinete contém milhares de janelas com milhões de informações no córtex cerebral.

Não sabemos localizar as janelas da memória, nem as positivas nem as negativas. Mesmo se soubéssemos o seu lócus, não poderíamos deletá-las ou apagá-las. Deletar informações é a tarefa mais fácil nos computadores. No homem, é impossível. Todas as misérias, conflitos e traumas que temos arquivados não podem mais ser apagados. A única possibilidade é reeditá-los ou reescrevê-los. Sem reeditá-los é impossível transformar a personalidade. Podemos ficar anos fazendo tratamento psicoterapêutico que não haverá mudanças substanciais. Como reeditar a memória dos discípulos em tão pouco tempo? Jesus tinha pouco mais de três anos para isso.

Se fosse possível transportar os mais ilustres psiquiatras e psicólogos clínicos através de uma máquina do tempo para tratar dos discípulos de Jesus com sete sessões por semana, eles não poderiam fazer muito. Por quê? Porque os discípulos não tinham consciência dos seus problemas. O grande dilema das ciências que tratam da saúde mental é que o mais importante para a superação de uma doença não é sua dimensão, mas a consciência que um paciente tem dela e a capacidade do seu "eu" em deixar de ser vítima para ser autor da sua história.

Quando treino um psicólogo, enfatizo que ele deve aprender a estimular o "eu" a reescrever as matrizes da personalidade. O "eu", que representa a vontade consciente, deve deixar de ser espectador passivo das misérias e aprender a conhecer o funcionamento da mente, os papéis da memória, a construção básica das cadeias de pensamentos para ser líder de si mesmo. Chamo isso de psicoterapia multifocal, pois trabalha com os fenômenos que constroem multifocalmente os pensamentos, que transformam a energia emocional e que estruturam o "eu".

Todas as técnicas psicoterapêuticas, ainda que inconscientemente, objetivam a reedição do filme do inconsciente e o resgate da liderança do "eu". Mas quanto mais ela é consciente, mais pode ser eficiente.

Por que é tão difícil mudar a personalidade? Porque ela é tecida por milhares de arquivos complexos que contêm inúmeras informações e experiências nos solos conscientes e inconscientes da memória. Não temos ferramentas para mudarmos magicamente esses arquivos que se inter-relacionam multifocalmente.


Alguns teóricos da psicologia crêem que a personalidade se cristaliza até os sete anos. Mas essa é uma visão simplista da psique. Embora seja uma tarefa difícil, é sempre possível transformar a personalidade em qualquer época da vida, principalmente, como disse, se o "eu" deixar de ser espectador passivo, subir no palco da mente e se tornar diretor do script dos pensamentos e das emoções.

Esse conceito representa, na minha opinião, o topo da psicologia mais avançada. Em outras palavras, se refere ao gerenciamento dos pensamentos e das emoções. Esse gerenciamento tem grandes aplicações em todas as áreas: psicologia clínica, ciências da educação, ciências políticas, sociologia, direito, filosofia.

Os antidepressivos e os tranqüilizantes são úteis, mas eles não reeditam o filme do inconsciente e não levam o ser humano a gerenciar suas angústias, ansiedades, idéias negativas. Se não trabalhar nas matrizes da memória e não aprender a ser líder de si mesmo, será dependente dos psiquiatras e dos medicamentos, ainda que os psiquiatras jamais desejem tal dependência.


O GRANDE DESAFIO DE JESUS

Os discípulos eram vítimas das características doentias da sua personalidade. Estavam saturados de áreas doentias nos solos conscientes e inconscientes da sua memória. Não tinham a mínima capacidade de gerenciamento da sua psique nos focos de tensão. Como ajudá-los? Como reescrever a sua memória?

Não há milagres, o processo é complexo. Para reescrever os arquivos da memória é necessário sobrepor novas experiências às antigas. As experiências de tolerância devem sobrepor-se às experiências de discriminação. As experiências de segurança devem sobrepor-se às experiências do medo, a experiência da paciência deve ser registrada em todos os milhares de arquivos que contêm agressividade, e assim por diante. As novas experiências devem ser sobrepostas à medida que os arquivos contaminados se abrem nos focos de tensão.

Quando surge o medo, a crise de pânico, as reações agressivas, os pensamentos negativos, é que o "eu" deve aproveitar a oportunidade para ser diretor do script do teatro da mente e reescrevê-los. Como fazer isso? Criticando, confrontando e analisando inteligentemente cada experiência. Desse modo, ricas experiências se sobreporão aos arquivos contaminados. Assim reurbanizamos as favelas da memória.

Veja o grande problema enfrentado por Jesus. Os seus discípulos não sabiam atuar no seu próprio mundo. Não tinham consciência das suas limitações. Eram tímidos espectadores diante dos seus conflitos. Não aprenderam a mergulhar dentro de si mesmos nem a fazer uma revisão de suas vidas. Como ajudá-los? Como fazer uma pessoa que nunca amou a música, que não aprendeu a tocar piano, tocar com brilhantismo as músicas de Mozart, Wagner, Chopin?

Imagine que os discípulos reeditaram, depois de certo tempo andando com ele, os arquivos que continham suas reações agressivas e intolerantes. Por algumas semanas, mostraram-se amáveis e gentis com todos os que os rodeavam. Eles poderiam achar ilusoriamente que dali em diante seriam os homens mais pacientes e tolerantes da terra. Todavia, muitos arquivos na periferia da memória, que estão nos becos do inconsciente, não foram reeditados.

De repente, alguém os rejeita ou critica, detona-se o gatilho da memória, abrem-se algumas janelas e esses arquivos ocultos aparecem. Então, novamente, eles reagem impulsivamente, ferindo as pessoas sem pensar nas conseqüências dos seus atos. Eles recaem. As recaídas sempre ocorrem nas depressões, fobias, síndrome do pânico ou em qualquer processo de transformação da personalidade. O que fazer? Desistir? Jamais! Só há um caminho. Continuar reeditando os novos arquivos. As recaídas não devem gerar um desânimo, ao contrário, devem produzir uma motivação extra para continuar a reescrever os arquivos que não foram trabalhados.

Como Jesus não queria melhorar o ser humano, mas transformá-lo de dentro para fora, teria de lidar com todas as recaídas dos seus discípulos. Teria de ter uma paciência incomum. Teria de ter uma esperança fenomenal. E teve! Nunca alguém revelou tanta paciência. Eles não entendiam quase nada do que ele dizia. Eles faziam o contrário do que ouviam, mas ele cria que podia virar de cabeça para baixo a vida de todos eles.

Os discípulos o frustraram durante mais de três anos. Nas últimas horas antes de morrer, eles o decepcionaram mais ainda. Jesus tinha todos os motivos do mundo para esquecê-los. Jamais desistiu deles, nem mesmo do seu traidor. Que amor é esse que não desiste?

Jesus sabia que seu projeto levaria uma vida toda. Ele demonstrava com seus gestos e palavras que detinha o mais elevado conhecimento de psicologia. Ele sabia de todo esse processo. Ele não fez um milagre na alma, pois sabia que ela é um campo de transformação difícil de ser operado.

Ele ambicionava algo mais profundo do que os psicólogos da atualidade. Desejava diariamente que eles reescrevessem os principais capítulos da sua história através de novas, belas e elevadas experiências existenciais. Ele criou conscientemente ambientes pedagógicos nas praias, montes, sinagogas, para produzir ricas experiências e sobrepô-las aos arquivos doentios que teciam a colcha de retalhos das suas personalidades. Foi um verdadeiro treinamento. O maior já realizado conscientemente.

Ele programou, como um micro-cirurgião que disseca pequenos vasos e nervos, uma mudança da personalidade dos seus jovens discípulos. Como ele fez isso? Cada parábola, cada leproso, cada perseguição e risco de morte, tudo isso fazia parte do seu treinamento.



FONTE: Cury, Augusto. O Mestre Inesquecível. São Paulo: Academia de Inteligência, 2003. P. 64-69.